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Leopoldo Scherner: bom humor, fala mansa e amor pelos livros | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Leopoldo Scherner: bom humor, fala mansa e amor pelos livros| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Um homem que dedicou a vida aos livros, ao ensino e ao idioma português. Essa é a imagem que Leopoldo Scherner, que faleceu ontem, aos 91 anos, deixa à comunidade. Poeta, ocupava a cadeira n.º 5 da Academia Paranaense de Letras (APL). Publicou obras elogiadas pela crítica, entre as quais Dia Anterior ao 1.º Dia da Criação. O corpo de Scherner está sendo velado na Capela Mortuária Municipal de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, cidade onde nasceu. O enterro será às 11 horas de hoje, no Cemitério Municipal de São José dos Pinhais.

Ernani Buchmann e Albino Freire, integrantes da APL, dizem que Scherner foi, além de um talentoso escritor, um colega que sabia ouvir e tinha senso de humor. O escritor Paulo Venturelli lembra que Scherner também era conhecido por ser um excelente professor. O são-joseense atuou durante 49 anos na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR): foi professor do curso de Letras, pró-reitor comunitário e diretor-geral do câmpus de São José dos Pinhais.

"O Scherner era um estudioso, que gostava de ler e escrever", diz Venturelli, completando que a produção poética do autor pode ser definida pelo lirismo e densidade. Dinacyr Moro Zétola, 81 anos, sobrinha de Scherner, lembra que o tio, durante a adolescência, teve aulas com o poeta Manuel Bandeira no Rio de Janeiro. Lá ele conheceu Leci Caldeira (já falecida), com quem foi casado e teve as filhas Maria de Jesus, Maria Fran­cisca e Maria Rita. "Os almoços de domingo na casa do titio são inesquecíveis. Ele era culto, bem-humorado e costumava cantar", diz Dinacyr.

Embaixador da cultura

Há pouco mais de dois anos, Scherner recebeu a reportagem da Gazeta do Povo em sua casa, em São José dos Pinhais. Antes de conversar sobre a reabertura do cinema na cidade – "o cinema é parte importante, valiosa e necessária de qualquer lugar", disse à época –, mostrou as plantas no jardim, preparou um café e mostrou livros raros.

Scherner era um homem sensível e bem-humorado. De fala mansa, revelava a alma de poeta ao se aprofundar em detalhes aparentemente insignificantes, mas que tornavam a conversa saborosa. Não lembrava quantos livros havia escrito porque não gostava de "enumerar a felicidade". O Paraná perde um embaixador da cultura e um defensor de suas artes.

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