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Luto

Morre o revolucionário Paco de Lucía

Violonista foi um dos principais nomes da música flamenca ao apresentá-la ao jazz, à bossa nova e à música clássica

Nascido em Cádiz, na Espanha, Paco de Lucía (66 anos) faleceu em Cancún, no México, vítima de ataque cardíaco | Marcelo del Pozo/Reuters
Nascido em Cádiz, na Espanha, Paco de Lucía (66 anos) faleceu em Cancún, no México, vítima de ataque cardíaco (Foto: Marcelo del Pozo/Reuters)
Histórico: Jony se encontrou com Paco em Porto Alegre |

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Histórico: Jony se encontrou com Paco em Porto Alegre

O violonista espanhol Paco de Lucía morreu ontem, em Cancún, no México, vítima de um ataque cardíaco. A morte do artista de 66 anos foi anunciada pelo gabinete de imprensa da prefeitura de Algeciras, sua cidade natal, na província de Cádiz, no sul da Espanha. A cidade decretou três dias de luto pela perda do "maior violonista de todos os tempos".

De acordo com a família do músico, De Lucía "viveu como quis" e morreu brincando com seus filhos "ao lado do mar". "Boa viagem nosso amado", concluíram.

Paco foi um dos maiores expoentes da música flamenca. A partir dos anos 1960, o artista revolucionou o estilo, então "uma música de museu", com a introdução de novas influências, como o jazz, a bossa nova e até a música clássica.

Sua consagração veio nos anos 1970, com memoráveis atuações no Palau de Barcelona, no Teatro Real e no Teatro Monumental de Madri, e sua primeira gravação ao vivo Paco en Vivo desde el Teatro Real, que lhe rendeu seu primeiro disco de Ouro.

Foi em Madri que surgiu a mítica dupla El Camarón-De Lucía, tão virtuosa e purista como renovadora do flamenco e que se traduziu em mais de dez discos de estúdio, como El Duende Flamenco (1972) e Fuente y Caudal (1973). No final dos anos 1970, ganhou muita popularidade fora da Espanha por seus trabalhos com os guitarristas John McLaughlin, Al Di Meola e Larry Coryell.

Em 2004, ele recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes, reconhecimento do governo espanhol à sua contribuição para a cultura. De Lucía era também doutor honoris causa pela Universidade de Cádiz e pelo Berklee College of Music de Boston.

No último mês de novembro, o artista havia feito três apresentações no Brasil – Rio, São Paulo e Porto Alegre.

O corpo do músico deve ser enterrado na sua cidade natal.

Carreira precoce

Francisco Sánchez Gómez começou a carreira aos 12 anos, quando formou o dueto Los Chiquitos, com seu irmão Pepe nos vocais. O violonista gostava de lembrar que devia a carreira ao pai, Antonio Sánchez, um cantor de flamenco desconhecido.

"Os ciganos são melhores porque escutam a música desde que nascem. Meu pai me obrigou a tocar violão desde que era criança", afirmou no livro Paco de Lucía – Una Nueva Tradición para la Guitarra Flamenca. "Ele [o pai] perguntava ‘durante quanto tempo você praticou?’. Eu respondia ‘dez ou 12 horas’ e via sua cara de felicidade", contou.

O músico, no entanto, dizia não gostar de fazer exercícios tradicionais no instrumento. "É muito chato, me deixa nervoso, me perturba". Paco, no entanto, era rigoroso: chegava duas horas antes dos shows para aquecer as mãos no instrumento.

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