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Del Toro, como Che, venceu o prêmio de melhor ator no último Festival de Cannes | Fotos: Divulgação
Del Toro, como Che, venceu o prêmio de melhor ator no último Festival de Cannes| Foto: Fotos: Divulgação

Santoro faria qualquer coisa para atuar em Che

Rodrigo Santoro disse ao diretor Steven Soderbergh que faria qualquer coisa para estar em Che. Ele fez uma entrevista com o cineasta norte-americano em que fez questão de deixar claro seu interresse.

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  • Soderbergh (à esquerda) e Del Toro (ao centro): relação de confiança

São Paulo - A primeira vez que Benicio del Toro ouviu o nome de Ernesto "Che" Guevara de La Serna (1928-1967) foi nos versos da música "Indian Girl", cantada pelos Rolling Stones no álbum Emotional Rescue, de 1980.

Mais de duas décadas depois desse evento, o ator porto-riquenho radicado nos EUA encarna no cinema a figura do guerrilheiro mítico em um filme com 4h22 de duração, dividido em duas partes: Che e Che – A Guerrilha, ambos dirigidos por Steven Soderbergh.

A produção espanhola, falada em espanhol e rodada na Espanha (e também nos EUA, na Bolívia, em Porto Rico e no México) foi o filme escolhido para o encerramento da 32ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para apresentá-lo, vieram ao Brasil Del Toro e a produtora Laura Bickford. O encontro com a imprensa aconteceu na última quinta-feira de manhã com a presença do curador da mostra Leon Cakoff e do ator brasileiro Rodrigo Santoro, que, no filme, interpreta o irmão de Fidel Castro, Raúl.

Che é composto por dois filmes muito distintos. A Guerrilha é mais claustrofóbico, quase experimental e faz o espectador se perder junto com os personagens no combate em meio à selva boliviana.

Se o segundo se concentra mais na ação e na derrocada de Che, o primeiro retrata o homem por trás do mito. A história começa com o encontro de Fidel e Che, na época somente um médico argentino indignado com o governo corrupto do general Fulgêncio Batista.

Os dois foram apresentados por Raúl. Em um jantar, falam sobre a revolução e não demoram para embarcar em um navio com outros seis rebeldes dispostos a pegar em armas e, como gostavam de dizer, devolver Cuba aos cubanos. Isso foi em 26 de novembro de 1956. Che tinha 28 anos de idade.

"Fizemos um estudo que nos levou a várias partes do mundo – Argentina, Cuba, França. Conhecemos pessoas que estiveram com Che durante boa parte de sua vida. Foi um trabalho de investigação de sete anos", diz Del Toro, que também co-produz o filme.

Laura comprou os direitos da biografia de Che escrita por Jon Lee Anderson (publicada no Brasil pela Nova Fronteira). O jornalista atuou como consultor do longa-metragem.

No encontro com Del Toro, o ator e a produtora fizeram vários planos sobre transformar o tijolo sobre o guerrilheiro em um filme. Mas nada sairia do papel até que os dois cruzassem o caminho de Soderbergh em Traffic.

O diretor de sexo, mentiras e videotape e Onze Homens e Um Segredo se interessou pelo projeto. Com um cineasta de renome e um protagonista, Che começou a ganhar forma.

"Quase tudo me intimidou (no processo de realização). Havia momentos em que eu entrava em pânico, achando que era impossível fazer um filme sobre o Che", diz Del Toro. Nessas horas, ele conversava com Soderbergh, que o acalmava. "Eu tinha que saber que, um, aquilo era um filme e, dois, não sou Che, sou um ator trabalhando com tudo o que aprendi sobre ele."

Vencedor do prêmio de melhor ator no Festival de Cannes em maio passado, Del Toro desponta como um candidato forte ao Oscar do ano que vem. "Sou, é?", brincou, ao ser questionado sobre o seu favoritismo.

Laura explica que Che foi feito sem dinheiro norte-americano. E a produção respeitou as regras do embargo que o país sustenta contra Cuba há décadas.

Sobre o desejo de contar a história de uma revolução na América Latina, Laura diz que "os valores de Che, seus ideais, são universais. A questão é como colocá-los em prática. Como acabar com a fome e o sofrimento das crianças. O filme traz essas questões à tona e continua a debatê-las. A idéia não é fazer julgamentos", explica. Destacar os ideais de Che Guevara é, para a produtora, a principal idéia política defendida pelo filme.

Atuação

Del Toro contou que a parte mais difícil de se trabalhar com um personagem histórico é a pesquisa e a leitura imprescindíveis. Ainda assim, ele disse que, enquanto atuava, procurou ser "solto", em oposição a "rígido", sem engessar o personagem. Tal esforço lhe permitia reagir ao que acontecia em torno de si.

Pela segunda vez, Del Toro trabalha com Soderbergh. E, pela segunda vez, tem uma atuação marcante. Antes de Che, ele venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por Traffic.

Para Laura, o que funciona entre os dois – Soderbergh e Del Toro – é a confiança de um no outro. O ator brinca e diz que o segredo é que o diretor mantém sua palavra. No primeiro encontro que tiveram, Del Toro queria conversar por três dias, Soderbergh, por 15 minutos. No final, falaram por duas horas em uma sala e saíram dela camaradas.

Ao todo, Che custou US$ 56 milhões. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, ele deve ser lançado na forma de dois filmes – e não em um só, como foi apresentado em Cannes e na mostra paulista.

Ainda sem uma data de estréia definida, Che deve entrar no circuito brasileiro em fevereiro de 2009.

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