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Morrissey:  olhar para novos horizontes | Divulgação
Morrissey: olhar para novos horizontes| Foto: Divulgação

CD

World Peace Is None of Your Business

Morrissey. Universal Music.R$ 27,90. Rock.

Multifacetado

Em 2006, a rede de tevê BBC elegeu Morrissey o segundo maior britânico vivo (atrás da lenda da televisão David Attenborough e à frente de Paul McCartney). No ano seguinte, o jornal The Guardian fez nova enquete, e deu Moz na cabeça. A eleição teve um adendo: William Shakespeare foi eleito o maior britânico de todos os tempos, contando aqueles que já morreram. Confira outras marcas e referências da "mozmania":

Enciclopédia

Um dos melhores exemplos para entender a capacidade de influência e o culto dos fãs a Steven Patrick Morrissey é a Mozipédia – A Enciclopédia de Morrissey e dos Smiths (Leya, 2013), na qual o autor, Simon Goddard, esclarece cada detalhe de sua personalidade – se ele prefere gatos ou cachorros, azul, verde ou roxo, se torce por algum time de futebol etc. O volume tem um total de 600 verbetes.

Documentário

Considerado uma das pérolas da "mozmania", o documentário The Importance of Being Morrissey entrega seu caráter de louvação desde o título (traduzido ao pé da letra como A Importância de Ser Morrissey). Trata-se de uma produção da rede de televisão BBC dirigida por Tina Flintoff e Ricky Kelehar, exibida em 2002, que disseca a persona pública e privada do excêntrico e genial cantor e compositor.

Autobiografia

Morrissey ganhou algumas biografias, como The Pageant of His Bleeding Heart, de Gavin Hopps (inédita no Brasil). Nada parecido com a que publicou em 2013: na Grã-Bretanha, a confessional Autobiography foi devorada pelo público e aclamada pela crítica. Tanto que Moz se sentiu motivado a escrever um romance, para breve. Já a autobiografia sai no Brasil nos próximos meses pela Globo Livros.

A banda que o tornou famoso provavelmente nunca mais irá se reunir. O gênero musical que o consagrou não tem a mesma influência de antes. Suas turnês são tão irregulares quanto seu humor. Mesmo assim, cada vez que ele abre a boca, um pedaço do mundo se cala para ouvir. Seu nome é Morrissey. E, veja só, ele está de disco novo.

Lançado no exterior nesta semana (no Brasil, está em pré-venda até a terça-feira, 22), World Peace Is None of Your Business é o décimo álbum solo de Morrissey, inglês de sangue irlandês que se notabilizou como a voz e a poesia dos Smiths. Ícone dos anos 1980, o grupo terminou em 1987, deixando uma geração de fãs na eterna expectativa de uma reunião – que, a despeito do clamor popular, nunca deverá acontecer.

Ao invés disso, Morrissey parece cada vez mais confortável em carreira solo, aperfeiçoando sua habilidade como letrista e olhando para novos horizontes musicais. World Peace... segue tendo o rock de guitarras distorcidas como norte, mas acomoda com total naturalidade elementos de valsa (a faixa-título), overdubs ("Neal Cassady Drops Dead"), guitarra flamenca ("Earth Is the Loneliest Planet") e música clássica ("Oboe Concerto").

O olhar ácido e impiedoso sobre a condição humana – que o fez ser reconhecido pela crítica como um dos maiores letristas da música, no mesmo patamar de grandes escritores britânicos, como Oscar Wilde – permeia cada uma das 11 faixas do disco.

Aos 55 anos, o músico é vegetariano convicto e se define como um humanossexual ("atraído por seres humanos, mas não muitos"). No disco, ele escreve pequenos hinos sobre o que mais o irrita em mulheres ("Kick the Bride Down the Aisle") e homens ("I’m Not a Man"), cita o Brasil na faixa-título sobre desigualdade social, defende a vitória do touro na arena ("The Bullfighter Dies") e critica as pressões sociais pequeno-burguesas ("Staircase at the University").

O único porém é se poderemos desfrutar disso tudo de perto ou não. Nos últimos anos, as turnês de Morrissey, além de poucas, foram prejudicadas por questões de saúde ou problemas de logística. Quem sabe em 2015?

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