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Voltado para a MPB, o primeiro disco da cantora apresenta ritmos brasileiros desconstruídos e tocados por instrumentos como o cajón | Sergio Lopez/Divulgação
Voltado para a MPB, o primeiro disco da cantora apresenta ritmos brasileiros desconstruídos e tocados por instrumentos como o cajón| Foto: Sergio Lopez/Divulgação

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Thaïs Morell – Mostra de Música É Daqui

Pequeno Auditório do Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695), (41) 3331-7513. Dia 9 às 20h. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Assinantes da Gazeta do Povo têm desconto de 50% na compra de ate dois ingressos. Sujeito à lotação.

Disco

Cancioneira

Thaïs Morell. Independente. US$ 8,99, no iTunes. MPB.

Há cinco anos na Espanha, a cantora e compositora Thaïs Morell – que também passou por Finlândia e Gana – volta a Curitiba com o show de seu primeiro disco, Cancioneira, lançado em 2012. A apresentação de amanhã faz parte da Mostra de Música É Daqui, que vem promovendo atrações locais no pequeno auditório do Canal da Música.

O álbum foi lançado por um selo de Valência, onde a musicista, que deixou Curitiba em 2007, se fixou para cursar mestrado em Etnomusicologia. Foi lá, também, que adotou o trema no primeiro nome.

Dos cerca de dez músicos espanhóis que participaram das gravações, apenas o percussionista David Gadea acompanha Thaïs nesta mini-turnê pelo Brasil, que também passa pelo Rio de Janeiro e por São Paulo. Mas o duo mantém a essência do trabalho, já que a percussão de Gadea tem um papel central na sonoridade do disco ao lado do violão da cantora, conforme ela mesma explica. "É a alma do trabalho", define Thaïs. "A busca de ritmos novos e a mistura de ritmos é uma parte muito importante do disco", afirma.

A apresentação em duo, para Thaïs, permite evidenciar estes experimentos. "É uma forma enxuta, em que se escuta bem a letra e o ritmo do violão, que é bem rítmico, muito inspirado pela percussão de David. São coisas que em shows com o quarteto, que seria a formação completa, ficam mais dispersas em meio à massa sonora. É uma outra experiência", diz.

MPB

O diálogo dos dois músicos formam a base rítmica de Cancioneira, que lança mão de referências como o ijexá, o baião e o frevo, além de flamenco e elementos da música folclórica de outros países. A ideia era gravar um disco em que os ritmos do Brasil aparecessem com força, mas "desconstruídos" e interpretados com timbres diferentes como o cajón – instrumento principal de Gadea, que é espanhol, mas que também tem experiência com música latina e brasileira. "Não é que tenhamos tentado inventar algo, mas buscamos outras sonoridades", conta Thaïs, para quem o resultado pode ser inscrito na MPB – gênero que os espanhóis desconhecem. "Isso depende de onde você está", diz. "Tudo o que não se encaixa no suingue do jazz ou no pop, eles definem como brasileira. E, por ter harmonia elaborada e solistas de jazz, relacionam minha música com a bossa nova", conta.

Para a cantora, seu primeiro disco reflete suas experiências com os grupos que integrou em Curitiba entre 2000 e 2007 – o Grupo Bayaka, que se dedicava à música dos povos do mundo, e ao Risoflora, que Thaïs formou ao lado de Maytê Corrêa, Vilma Ribeiro e Bruna Buschle. Foi neste segundo projeto, que misturava referências desde o rock até a MPB e a música regional, que Thaïs começou a cantar e tocar. "Olho pra trás e vejo que o Risoflora, junto com o Bayaka, é a base do que estou fazendo hoje", analisa.

Boa surpresa

Independente, disco teve retorno inesperado

Thaïs Morell diz estar surpreendida com os resultados que conseguiu com seu primeiro disco. Produzido e divulgado pela própria cantora em Valência, o trabalho abriu portas em festivais e programas de rádio na Espanha. E, mesmo sem uma produtora que a divulgasse no Brasil, a musicista foi convidada para tocar na Virada Paulista em 2013. "As pessoas simplesmente ouviram o disco, gostaram e nos chamaram, o que é uma vitória muito grande", conta.

A curitibana diz que não chegou a conhecer o mercado profissional em Curitiba e no resto do Brasil, já que deixou o país em 2007 e só gravou seu primeiro álbum cinco anos depois. Mas ela diz perceber algumas diferenças entre os dois cenários.

De acordo com Thaïs, os espanhóis organizam mais festivais. Por outro lado, não contam com leis de incentivo à cultura. "Os editais são poucos e dão pouco dinheiro", conta.

Outra diferença curiosa é cultural. Quando voltou a cantar por aqui, depois de se acostumar com as plateias dos barzinhos valencianos, Thaïs estranhou o fato de ter virado música ambiente. "Lá as pessoas vão ver música no barzinho e realmente vão ouvir música, como se fossem ao teatro", comenta.

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