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Joinville – Fred Astaire e Gene Kelly. Estes são os dois nomes que vêm à cabeça da maioria das pessoas quando o assunto é sapateado. Quem não pensa em Gene Kelly, ensopado, sapateando em poças d’água no filme Cantando na Chuva, de 1952?. Ou então, em Fred Astaire, dançando em cima dos móveis e pelas paredes da sala em Núpcias Reais, de 1951? Ambas as cenas, até os dias de hoje, inspiram bailarinos das mais diversas idades a transformar seus pés em verdadeiras máquinas de ritmo.

Um deles é Steve Zee, sapateador e coreógrafo norte-americano, figura carimbada em todos os eventos do 24.º Festival de Dança de Joinville, que termina amanhã. "Quando tinha 11 anos, vi Fred Astaire pulando nos móveis. Tentei explicar para os meus pais, que apesar de ficarem um tanto confusos, logo entenderam que eu estava falando de dançar sapateado", contou o bem-humorado Zee, num bate-papo promovido durante a programação do evento, na última segunda-feira.

Após ter aprendido a arte de "deitar o metal no chão" – tradução da gíria americana "lay down iron", utilizada para falar da dança – com mestres como Gregory Hines e os Nicolas Brothers, Zee é atualmente professor da disciplina História do Sapateado em uma universidade californiana, além de gravar vídeos em que transmite seus conhecimentos.

Em Joinville para dar aulas como professor convidado e participar do júri da noite dedicada ao sapateado no festival – realizada na quarta-feira, Zee, ao lado da esposa Carol e da filhinha Maya, aproveitou para conhecer mais sobre os ritmos brasileiros e como são usados no sapateado feito por aqui. "Os bailarinos brasileiros são ótimos. A média dos estudantes de sapateado do Brasil é mais alta do que a dos americanos. Vocês colocam molejo em tudo", brinca, arriscando-se a demonstrar, em uma caixinha de sabonete, como aprendeu a batucar à brasileira. "Viajei pelo mundo inteiro e posso dizer que as caixas de sabonete são mais musicais aqui no Brasil", diverte-se.

Agora, imagine a sensação dos bailarinos integrantes dos 20 grupos que estiveram na mostra competitiva de sapateado ao verem o rosto de Steve Zee entre os jurados. Foi o que aconteceu com três companhias paranaenses, das categorias júnior, sênior e avançado. Pelo resultado, parece que Zee aprovou as batucadas metálicas que saem do estado – dos três competidores, dois conseguiram lugares no pódio.

De Curitiba, o Grupo de Dança Expoente apresentou a coreografia "Payback", inspirada no seriado de animação Os Simpsons e faturou o terceiro lugar na categoria avançada. Ao som do tema de abertura do desenho da família liderada por Homer, os nove bailarinos invadiram o palco com figurinos coloridos, inspirados nos dos personagens – um deles, que interpretava o endiabrado Bart, entrou de máscara amarela e montado num skate. A música animada, a coreografia vigorosa e as caras e bocas dos bailarinos arrancaram aplausos entusiasmados da platéia e boas notas da caneta de Zee.

Já o grupo Centro de Artes Adriana Digiovanni, de Paranaguá, incorporou baquetas e um grande vasilhame de plástico, que serviu como tambor à coreografia "Baquetap", cujo nome já explica a fusão proposta pela companhia. O resultado agradou e também rendeu ao grupo a terceira posição no ranking da categoria júnior. As primeiras colocações ficaram por conta do Grupo Vera Passos, de Fortaleza (categoria júnior); Cia. Experimental Vera Passos, também de Fortaleza (categoria sênior); e Studio de Sapateado Juliana Garcia, de Ribeirão Preto (categoria avançada).

A repórter viajou a convite do evento.

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