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Lia de Itamaracá foi convidada pelo grupo Mundaréu | Vinicius Grosbelli/Divulgação
Lia de Itamaracá foi convidada pelo grupo Mundaréu| Foto: Vinicius Grosbelli/Divulgação

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O grupo paranaense Munda­­réu se apresenta com a cantora pernambucana Lia de Itamaracá nesta sexta-feira e sábado, no Teatro do Paiol (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). Considerada uma das maiores representantes da cultura tradicional de seu estado – ela foi nomeada Patrimônio Vivo de Pernambuco –, a artista de 69 anos vai cantar algumas das cirandas mais importantes de sua carreira, como "Quem Me Deu Foi Lia", "Preta Cirandeira" e "Minha Ciranda".

O integrante do Mundaréu Itaércio Rocha comemora a parceria. "Nós estamos fazendo cirandas, cocos e maracatus há muito tempo. Nossa relação com Pernambuco é bastante estreita, e calhou de termos ela no palco conosco", conta. "Ela é um dos grandes esteios da cultura brasileira", explica, destacando que a artista é uma "cidadã do mundo": com o primeiro disco gravado em 1977, a partir dos anos 2000 a cantora se apresentou em países como Suíça, Espanha, Itália, Alemanha e França, onde seu segundo CD, Eu Sou Lia (2000), chegou a ser distribuído por um selo de world music. A cantora se apresentou no Teatro da Caixa em outubro de 2013.

Elos

Rocha destaca que a congada da Lapa, típica do Paraná, também tem origens nas cerimônias de coroação de reis negros do Congo e de Angola, na África. "Isso faz com que tenhamos essa ponte. Temos que saber que temos um braço disso tudo. É o nosso elo com outras coroações", explica.

Para o integrante do Mundaréu, houve um "salto" no entendimento das manifestações culturais tradicionais no Brasil. "Não à toa, podemos trazer Lia de Itamaracá por meio de um edital da Fundação Cultural de Curitiba", explica. "Essas coisas vão se espalhando, resistindo e conseguindo fôlego maior. Há um olhar mais generoso em relação a isso", analisa.

Ainda assim, Lia, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo, diz que o reconhecimento ainda é maior fora do Brasil do que em Pernambuco, por exemplo.

"[A cultura tradicional] está escanteada, ninguém quer investir", critica a cantora, que continua morando na Ilha de Itamaracá (PE). "Fora do país o trabalho é mais valorizado."

É à obstinação de artistas como Lia que Itaércio Rocha atribui os avanços que identifica no cenário. "Tudo isso é graças a eles, que se mantêm firmes nessas manifestações e continuam acreditando nelas como meio de expressão e de leitura do mundo", avalia Rocha.

"São pessoas que vêm do povo cantar músicas e conceitos artísticos que acontecem independentemente dos meios oficiais de reconhecimento. Não é algo gestado nos conservatórios e universidades; é algo que vem da praça, da feira, da roda, da rua."

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