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A questão econômica não é a única barreira que afasta o público dos museus. Muitas pessoas têm condições de pagar por ingressos de R$ 5 para terem acesso a mostras e exposições das mais diversas áreas, da história dos automóveis à arte contemporânea. A maior parte não o faz, porém, porque os museus e as obras de arte que abrigam intimidam o visitante, seja pelo hermetismo das linguagens ou pela mera pompa e circunstância que parece exalar desses espaços.

Foi para combater esse quadro e trazer novos públicos para museus que a londrinense Gabriela Aidar iniciou, em 2002, o Programa de Inclusão Social na Pinacoteca de São Paulo. O sucesso da iniciativa, entre suas outras pesquisas, rendeu à estudiosa paranaense, na semana passada, a conquista do Prêmio Fundação Bunge, na categoria de revelação em Museologia.

"Principalmente nos museus ou mostras de arte, o público freqüentador é muito específico, formado por uma parcela de população altamente escolarizada e com renda familiar alta. Esse projeto tenta trazer um novo público para o museu, e, mais que isso, tenta fazer com que essas visitas e a conseqüente relação com a arte possam ter relevância na vida dessas pessoas", explica a pesquisadora.

Natural de Londrina, Gabriela Aidar foi estudar História na Universidade de São Paulo em 1993. Ao terminar o curso, desenvolveu interesse por Museologia fazendo duas especializações na área, nos museus de Arqueologia e Etnologia e Arte Contemporânea (USP). Depois, conseguiu uma bolsa Vitae para estudar na Universidade de Leicester, na Inglaterra, onde obteve o título Master of Arts in Museum Studies, em 2002. "Foi lá que tive muito contato com pesquisa sobre públicos freqüentadores em museus".

No projeto de inclusão social que Aidar desenvolve na Pinaco-teca de São Paulo são estabelecidas parcerias com diferentes entidades assistenciais e educacionais. "O programa abrange adolescentes que estão fazendo cursos em ongs, adultos em situação de rua, entre outros públicos que, em comum, têm o fato de não freqüentar instituições culturais", explica a estudiosa. Os participantes integram uma série de encontros em que são apresentadas e discutidas questões relativas à arte e às ações do museu. "A parcela de visitantes trazida pelo programa ainda é pequena, mesmo porque se trata de um trabalho mais qualitativo que quantiativo. O que a gente vê é que as pessoas voltam a visitar o museu, perdem a timidez e começam a interpretar e avaliar as obras.", constata a pesquisadora.

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