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O sexteto Rosa Armorial já foi reconhecido pelo escritor Ariano Suassuna, que criou o movimento cultural na década de 70 | Sérgio Silvestre/Divulgação
O sexteto Rosa Armorial já foi reconhecido pelo escritor Ariano Suassuna, que criou o movimento cultural na década de 70| Foto: Sérgio Silvestre/Divulgação

Quando Ariano Suassuna criou, na década de 1970, em Recife, os fundamentos e a inspiração necessária para a formação do Movimento Armorial – que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos populares da cultura brasileira –, não imaginava que, 40 anos depois, um sexteto curitibano de formação camerística aderisse ao movimento de maneira tão natural e autêntica. Mas é justamente dessa forma que o grupo Rosa Armorial (confira o serviço completo do show) prepara o show que acontece hoje, às 20 horas, no Teatro do Paiol, como parte do projeto Terça Brasileira da Fundação Cultural de Curitiba, que visa à difusão da música local.

Carla Zago, violinista do conjunto, entende que a proposta do grupo de artistas encabeçado por Suassuna abrange não só a cultura nordestina, mas a cultura brasileira de uma maneira geral. Foi por essa razão que o grupo resolveu aproximar o movimento da sonoridade local: "O movimento armorial engloba a cultura africana, portuguesa e brasileira. Para nós, foi natural trazer ao projeto o fandango, um expoente claro da sonoridade paranaense", explica.

A violinista conta que o grupo existe desde 2003, e se chamava Rosa Flô e que uma ou outra música do conceito armorial já era contemplada no repertório. "Fomos nos aproximando aos poucos do movimento", lembra Carla. Até que, em 2010, conheceram Antônio Madureira, um dos maiores representantes do armorialismo, que participou da Oficina de Música de Curitiba. "Conversamos com ele e, a partir daí, resolvemos adotar oficialmente a proposta armorial para o grupo, que mudou de nome e aumentou de tamanho para suportar o novo estilo de música", explica.

O show que acontece hoje é o segundo do conjunto desde que foi adotado o armorialismo. Batizado de Ponteado, a apresentação conta com obras de Antônio Madureira, do compositor erudito César Guerra-Peixe, além de músicas dos próprios integrantes do conjunto, como o violista Eduardo Gomide, da flautista Marcela Zanette e da percussionista Gabriela Bruel. O repertório ainda traz uma Suíte Popular, feita com quatro temas populares de fandango do folclore paranaense: "Marinheiro", "A Chegada do Divino", "Deus Vos Salve" e "Bernância". "O diferencial do nosso show é mesmo o enfoque na música paranaense", reitera Carla.

Além das músicas, outra atração do espetáculo, que dá ares cênicos à apresentação musical, é a presença de um boneco – ainda sem nome, de acordo com Carla – que, instalado no mezanino do Teatro Paiol, em um cenário construído para ele, é responsável por toda a comunicação entre a banda e o público. "O boneco é controlado pela atriz Mariana Zanette [irmã da flautista Mariana], e fala apenas por meio de poesias de cordel, outra expressão forte do armorialismo", explica.

Reconhecimento

Carla Zago conta que, na ocasião da passagem de Antônio Madureira pela Oficina de Música de Curitiba, o grupo deu a ele um DVD de divulgação de um show que haviam feito. A suspeita é de que Madureira tenha apresentado o material para Ariano Suassuna, pois o escritor demonstrou que conhece o grupo em uma recente entrevista ao jornal Valor Econômico. Quando perguntado se o Movimento Armorial não passou de um estilo comum a vários artistas, o autor de O Santo e a Porca respondeu: "Quero saber por que não é um movimento. Veja bem, eles têm razão de dizer que, como todo movimento, o armorial passou. O armorial aconteceu entre 1970 e 1980. Durou até muito. (...) Olha, acaba de se fundar no Paraná um grupo musical, de câmara, jovem, chamado Rosa Armorial". "Para nós, foi um momento de extrema honra e felicidade", diz Carla.

Para o futuro, a Rosa Armorial prepara a gravação de seu primeiro disco, imerso por completo na estética do movimento. Com previsão de lançamento no fim deste ano, o trabalho tem direção musical do flautista e pesquisador Plínio Silva, apontado por muitos como um dos responsáveis pelo resgate da memória musical da cultura paranaense. Silva também assina a consultoria musical de Ponteado.

Sobre o espetáculo de hoje, Carla comenta: "Um dos motivos para adotarmos a estética armorial foi a recepção mais que positiva do público. Quem ouve tem a impressão de que já conhece as músicas há tempo, pois é uma sonoridade muito natural da cultura paranaense".

Serviço:

Ponteado, de Rosa Armorial (confira o serviço completo do show)

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/n.º), (41) 3213-1340. Dia 28, às 20h. R$ 15.

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