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O primeiro jogo foi uma verdadeira "guerra", mas o Paraná saiu vitorioso com o convincente placar de 2 a 0 | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
O primeiro jogo foi uma verdadeira "guerra", mas o Paraná saiu vitorioso com o convincente placar de 2 a 0| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

O verbo asfrenar não existe nos dicionários brasileiros, mas está presente nos palcos e nas bocas dos músicos. Significa falar qualquer coisa, jogar conversa fora, falar sem pensar. "Asfrenando" é o nome da primeira música do CD "Baxô", que o músico, compositor e arranjador Glauco Sölter lança oficialmente nesta quinta-feira (12/4), nas Livrarias Curitiba, do Shopping Curitiba, a partir das 20 horas.

O neologismo dos músicos não reflete o trabalho, que foi muito bem pensado e executado durante três anos e meio. O presente que é dado para os amantes da música instrumental está embalado em uma caprichada obra de artes gráficas. O disco vem dentro de uma caixa metálica e é acompanhado por um livreto de 24 páginas, com belas fotos assinadas por Sossella, Sílvio Silva Jr. e Karine Kawamura.

"O CD foi planejado ao máximo para ser uma obra perene, na arte e na música. É entretenimento imediato e é atemporal", afirma o músico que se revela em grande fase. "Eu e outros músicos do Paraná trabalhamos para alcançar um nível artístico condizente com grandes produções mundiais", diz, mostrando o foco de todo o trabalho.

O projeto foi produzido – e aqui isso significa bem mais do que apenas pagar – pelo estúdio Lúmen Design. Em tempos de indecisão sobre o futuro do CD, é de impressionar que alguém ainda tenha tamanho cuidado na produção. Quem piratear, fique sabendo que estará perdendo. É daquele tipo de CD que, mesmo que não se goste da música - o que não é o caso - deve-se comprar nem que seja para colecionar.

As gravações envolveram estúdios na França, Itália e Curitiba e reúnem 27 músicos da qualidade de Hermeto Pascoal, Raul de Souza, Nailor Proveta, Jorginho do Trumpete e da cantora francesa Clem, entre outros. E tudo isso por R$ 22,00, que é o preço sugerido pelos produtores. O CD pode ser encontrado nas Livrarias Curitiba, na loja Savarin, no vendedor de discos da feirinha de Artesanato de Curitiba (sempre aos domingos, no Largo da Ordem) e nos shows, que não serão poucos. Depois de hoje, há outro marcado para a Fnac do Shopping Barigüi. Então segue em turnê nacional, além de um circuito internacional.

Viagens musicais

As viagens musicais não são novidade para Sölter, pois o CD nasceu durante uma turnê na Europa com a cantora Clem. A primeira canção gravada nasceu sobre os palcos europeus. "A Clem é uma cantora linda, muito afinada e cantava em português a música ‘Pra Dizer Adeus’ (Edu Lobo e Torquato Neto) e cada vez que ela cantava eu chorava, então decidi gravar para não perder o momento", revela Glauco. Conheça um pouco mais do trabalho de Clem no MySpace.

No CD, a música é a sexta faixa e vem erradamente creditada para Edu Lobo e Tom Jobim. Glauco assume o erro, mas a canção não deixa de ter um "quê" de Tom. Depois da base gravada, Sölter escreveu arranjo para cordas e utilizou-se de frases musicais de Tom Jobim, que se infiltram na melodia original.

Cada música aproveitada no disco tem sua história, como a de "Para Ravi e Jade", composição de Glauco Sölter em homenagem aos filhos. "No meio da turnê eu senti muito a falta dos filhos. Me bateu uma saudade danada. Então compus esta música e tocava sozinho, no quarto, como uma forma de oração para eles. Ela começa calma, fica um tanto perigosa e depois acalma novamente. Eu fico emocionado cada vez que a toco".

E as histórias continuam como na já referida "Asfrenando", que abre o CD. "Chamei de Asfrenando porque a melodia nasceu muito fácil e rápida no baixo, mas foi mais complicada para os metais que sofreram para tocar", revela. Jorginho do Trompete foi o músico que "sofreu" no solo. Nailor Proveta, veja que luxo, faz apenas naipe com o sax.

Jacob, Hermeto e Raul de Souza

A segunda faixa, "Vôo da mosca", clássico do choro de autoria de Jacob do Bandolim, é conhecida por ter uma melodia bastante difícil. O baixo de Glauco toca junto com o clarinete do jovem músico Jairo Wilkens. Os dois e mais o tecladista Davi Sartori formam o grupo Quebra Queixo, mais um dos inúmeros trabalhos paralelos de Glauco.

Outras músicas também faziam parte do dia-a-dia musical de Sölter, como a "Viva o Rio de Janeiro", de Hermeto Pascoal, do repertório do grupo Na Tocaia, que une o baterista Endrigo Bettega, o guitarrista Mário Conde e mais Glauco. Nesta faixa, a quarta do CD, o próprio Hermeto Pascoal "quebra tudo" tocando escaleta e teclado e Nailor Proveta faz ótimo solo de sax alto.

Além de Hermeto, o trombonista Raul de Souza é outra referência musical de Glauco que também está homenageado no CD e tem participação especial na faixa "Tema para Raul", de Mário Conde. Durante a gravação do CD "Baxô", Glauco dividiu a agenda e os horários de estúdio para ajudar a produzir o CD "Jazzmim", de Raul de Souza, que foi considerado pela revista Jazz + (Jazz Mais) como o melhor disco de música instrumental do ano passado.

Divulgando o "Jazzmim", Raul e Glauco tocaram em turnê na África e na Europa. Em Berlim, dividiram o palco com Yamandu Costa e Armandinho.

Glauco, Raul e o grupo Na Tocaia devem divulgar seus respectivos discos e sons tocando juntos em nova turnê européia ainda este ano. Terão tempo para "asfrenar" e, quem sabe, iniciar novas músicas e novos projetos. Tomara!

O show de lançamento

No espetáculo que faz nesta quinta-feira, nas livrarias Curitiba, Sölter reduzirá a apresentação pois estará sozinho com os contrabaixos elétrico e acústico. Mas o empenho é total, como promete: "Eu tenho que ser como um sacerdote da música e o meu instrumento tem que soar como mais uma voz a pregar", descreve.

O show deverá se repetir no dia 25, às 19h30, na Fnac do Parque Barigüi e depois sair por aí. ele já tem contatos para apresentações em Paranaguá, Antonina, Cascavel, Itajaí, São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, junto com a Sinfonética deve tocar em todas as Ruas da Cidadania de Curitiba, gratuitamente, dentro de um projeto da Fundação Cultural de Curitiba.

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