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Paul, Ringo, John e George em “Strawberry Fields Forever”: banda acabou em 1970, mas nunca termina. | /Reprodução
Paul, Ringo, John e George em “Strawberry Fields Forever”: banda acabou em 1970, mas nunca termina.| Foto: /Reprodução

Em 29 de agosto de 1966, os Beatles fizeram o último show da história da banda. Foi no Candlestick Park, em São Francisco, Califórnia. Pouco tempo depois, o quarteto anunciou o fim definitivo das apresentações ao vivo – John Lennon, bem a seu jeito, disse que estava farto de fazer música suave para pessoas suaves. E que também estava de saco cheio de tocar para essas pessoas.

Duas coisas incríveis aconteceram a partir dessa decisão, que fez a banda mais conhecida do mundo se tornar invisível de repente. Primeiro, estava aberta a temporada de piração em estúdio: sem a responsabilidade de tocar ao vivo o que criavam no Abbey Road, limites foram estendidos, e muitas vezes superados. Prova inquestionável desse privilégio conquistado foi o álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), um metadisco, obra das mais ricas e complexas da história da música.

Mini-filmes

Outro fator que indiretamente esteve ligado ao fato de John, Paul, George e Ringo decidirem ficar na surdina foi a demanda por divulgação. Ora, sem os rostinhos dos garotos de Liverpool aparecendo para multidões ensandecidas em estádios, como eles seriam vistos em ação? A saída foi produzir o que na época (fim de 1967) foi chamado de “mini-filme”: um vídeo para uma música – “Penny Lane”, “Lucy in the Sky With Diamonds” e “All You You Need is Love” são alguns dos trabalhos mais conhecidos neste sentido. Algo que lembre a MTV? Pois então.

Inventores da MTV

Ringo já disse, meio brincando, que os Beatles inventaram o videoclipe quando passaram a produzir “mini-filmes” para as canções depois que a banda parou de fazer shows. Seria outra lenha na fogueira da revolução que a banda causou na música, na moda, na indústria fonográfica, no comportamento, enfim.

São estes vídeos – e um punhado de filmes promocionais, aparições na tevê e performances ao vivo – as novidades de “Beatles 1+”, reedição (após 15 anos) da coletânea de 27 músicas que chegaram ao primeiro lugar nas paradas de sucesso na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Material

A produção do álbum exigiu extenso trabalho de pesquisa e restauração de imagens. A tarefa foi de Sam Okell e Giles Martin (filho de George Martin, o “quinto beatle”, produtor da maioria dos álbuns da banda), no mesmo Abbey Road, em Londres. Além de Martin, 18 profissionais trabalharam em restaurações audiovisuais, recolhendo uma renca de material.

O resultado final pode ser encontrado em duas a versões: primeira tem um CD e um disco de vídeo (DVD ou Blu-ray) com clipes das 27 faixas. À segunda, somam-se 23 clipes alternativos e um livro de 124 páginas com textos do historiador de música Richards Havers sobre os vídeos – exemplares, aliás.

Beatles +1

CD + DVD: R$ 77,90. CD + Blu-ray: R$ 176 (preço médio).

Como escreve o jornalista Mark Ellen no livrinho da versão com DVD, “mesmo quando a grana era curta, o tempo apertado e a ideia a mais básica possível, a banda se superava para brilhar.” Resposta para isso? A música vinha primeiro – talvez qualquer um com o mínimo de bom gosto fosse capaz de realizar um clipe para “Something”. Estragar o que é perfeito é mais difícil do que camuflar a imperfeição. Pense nos clipes superproduzidos de bandas chinfrins.

Assista ao vídeo de “Strawberry Fields Forever”:

Veja um vídeo sobre as restaurações (em inglês)

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