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A cantora gospel Soraya Moraes com os dois prêmios Grammy que ela ganhou em 2008 | Jessica Rinaldi/Reuters
A cantora gospel Soraya Moraes com os dois prêmios Grammy que ela ganhou em 2008| Foto: Jessica Rinaldi/Reuters

Um dos artistas indicados ao prêmio de “Revelação” do Grammy Latino de 2016, que tem sua cerimônia de entrega marcada para 17 de novembro, é o gaúcho Ian Ramil. O trabalho que valeu a indicação, nesta categoria e na de “Melhor Álbum de Rock”, se chama “Derivacivilização”. É um disco caseiro, financiado por crowdfunding e gravado “entre amigos”, segundo conta o músico via Facebook, “por longos meses, pirando, marginais à indústria, cagando pros-e-nos donos do mundo”.

A presença de um trabalho desses em meio a projetos assinados e promovidos por estruturas de empresas multinacionais na lista da premiação é um indício do quanto o mercado da música mudou – e que o Grammy Latino está refletindo isso. “O resultado está nas suas mãos”, diz Tom Gomes, um dos fundadores da versão latino-americana do prêmio em 2000. “Há artistas novos, sem nenhuma gravadora por trás. E houve grandes artistas, de grandes gravadoras, que não se classificaram porque os votantes consideraram o disco ruim”, diz.

Há quase duas décadas envolvido com a Academia Latina de Artes e Ciências Discográficas (ALACD), Gomes sabe bem que a premiação está sujeita a ter seus critérios discutidos por quem não concorda com suas escolhas. Mas responde com tranquilidade aos questionamentos mais comuns – de que seria apenas uma festa da indústria, ou que seria marmelada.

O trabalho que a indústria faz hoje é muito pequeno em relação ao que fazia antigamente, então não nem dá para tentar ‘vilanizar’.

Tom Gomes Integrante do comitê do Grammy Lifetime Achievement Award.

“O trabalho que a indústria faz hoje é muito pequeno em relação ao que fazia antigamente, então não nem dá para tentar ‘vilanizar’”, argumenta. Para Gomes, os próprios resultados apresentados pelos “músicos, produtores, engenheiros e outros profissionais da indústria da gravação” dão conta de desfazer os argumentos mais simplificadores.

Um exemplo, para Gomes, é a presença de dois brasileiros na categoria “Melhor Artista Revelação” (Sophia Abrahão e Ian Ramil), e de quatro títulos daqui entre cinco trabalhos indicados a “Melhor Álbum Instrumental”.

“Dos 4 mil votantes, deve ter uns 600 brasileiros. O resto são todos hispânicos”, explica. “Logo, os brasileiros foram escolhidos por hispânicos, que perceberam que neste ano houve uma safra muito boa de música do Brasil. Não dá para você duvidar desses critérios”, comenta.

Mudanças

O diretor artístico da Kuarup, Rodolfo Zanke – que acompanhou edições do Grammy a partir de gravadoras como EMI e Warner –, diz que a assinatura de multinacionais ainda tem força no mercado, mas que a ideia de uma “grande indústria” todo-poderosa hoje é ingênua. “De fato, há grandes lançamentos que são programados já para pleitear uma candidatura e ganham prioridade devido a um grande planejamento”, diz. “Mas a gente não vê mais essa coisa que se pensa, de que é um jogo de cartas marcadas, porque o mercado está muito diferente em termos de comercialização e lançamento”, diz.

A gente não vê mais essa coisa que se pensa, de que é um jogo de cartas marcadas, porque o mercado está muito diferente em termos de comercialização e lançamento.

Rodolfo Zanke Diretor artístico da Kuarup

O paranaense Nevilton Alencar teve a chance de conferir isso pessoalmente: a banda Nevilton, de Umuarama, foi indicada por dois anos consecutivos – em 2012, com o clipe “Tempos de Maracujá”, e em 2013, com o álbum “Sacode!”.

“Para a gente, num primeiro momento, foi uma coisa até meio surreal. Era improvável sermos indicados. Foi muito legal. Isso comprova o fato de que independentes também podem chegar até a indicação” , conta.

Relembre os finalistas da edição de 2016

Veja indicados do Brasil nas categorias gerais e nas categorias de música brasileira:

Gravação do ano

Cuestión de Esperar – Pepe Aguiar

Se Puede Amar – Pablo Alborán

Me Faltarás – Andrea Bocelli

Si Volveré – Buika

*Vidas Pra Contar – Djavan

Duele El Corazón – Enrique Iglesias part. Wisin

Ecos de Amor – Jesse & Joy

Lado Derecho Del Corazón – Laura Pausini

Iguales – Diego Torres

La Bicicleta – Carlos Vives & Shakira

Álbum do ano

Tour terral Tres Noches En Las Ventas – Diego Torres

Cinema – Andrea Bocelli

Mil Ciudades – Andrés Cepeda

*Vidas Pra Contar – Djavan

Conexión – Fonseca

Los Duó 2 – Juan Gabriel

Un Besito Más – Jesse & Joy

Donde Están? – José Lugo & Guasábara Combo

Buena Vida – Diego Torres

Algo Sucede – Julieta Venegas

Música do ano

A Chama Verde – John Finbury part. Marcella Camargo

Bajo El Agua – Manuel Medrano

*Céu – Celso Fonseca

Duele El Corazón – Enrique Iglesias part. Wisin

Ecos de Amor –Jesse & Joy

En Ésta No – Sin Bandera

Es Como El Día – Kevin Johansen + The Nada

Hermanos – Fito Páez & Moska

La Bicicleta – Carlos Vives & Shakira

La Tormenta – Los Fabulosos Cadillacs

Artista revelação

*Sophia Abrahão

Alex Anwandter

The Chamanas

Esteman

Joss Favela

iLe

Mon Laferte

Manuel Medrano

Morat

*Ian Ramil

Melhor fusão / interpretação urbana

Una En Um Millón – Alexis y Fido

Cumbia Anthem – El Dusty part. Happy Colors

Hasta Que Se Seque El Malecón – Jacob Forever

*Pra Todas Elas – Tubarão part. Maneirinho & Anitta

Encantadora – Yandel

Melhor álbum de música urbana

Energía – J. Balvin

Luz – El B

*Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa – Emicida

Visionary – Farruko

Despierta – Arianna Puello

Melhor álbum de cantautor

Todavía – Francisco Céspedes

*Vidas Pra Contar – Djavan

Arde Estocolmo – Pedro Guerra

Mis Améicas Vol ½ – Kevin Johansen + The Nada

Auténtico – Alejandro Lerner

Manuel Medrano – Manuel Medrano

Melhor álbum instrumental

*Mercosul – Víctor Biglione

*Samba de Chico – Hamilton de Holanda

*Donato Elétrico – João Donato

Argentum – Carlos Franzetti

*Mosaico – Bruno Miranda

Melhor álbum cristão em português

Graça Quase Acústico – Paulo César Baruk

A Vida Num Segundo – Ceremonya

Deus No Esconderijo Do Verso – Padre Fabio de Melo

Reaprender – Adelso Freire

Deus Não Te Rejeita – Anderson Freire

Melhor álbum pop contemporâneo em português

Tropix – Céu

Troco Liks – Tiago Iorc

Território Conquistado – Larissa Luz

Mundo – Mariza

Leve Embora – Thiago Ramil

Melhor álbum de rock em português

Manal – Boogarins

Derivacivilização – Ian Ramil

Éter – Scalene

Canções de Exílio – Jay Vaquer

Distante em Algum Lugar – Versalle

Melhor álbum samba/pagode

De Bem Com a Vida – Martinho da Vila

Notícias Dum Brasil 4 – Eduardon Gudin

Tem Mineira no Samba – Corina Magalhães

Na Veia – Rogê & Arlindo Cruz

Samba Para Mangueira – Vários

Melhor álbum de música popular brasileira

Dilúvio – Dani Black

Todo Caminho É Sorte – Roberta Campos

Like Nice –Celso Fonseca

Delírio – Roberta Sá

A Mulher do Fim do Mundo – Elza Soares

Melhor álbum de música sertaneja

Amanhecer – Paula Fernandes

Bar do Leo – Leonardo

Adivinha – Lucas Lucco

Baile do Teló – Michel Teló

Sóis – João Victor

Melhor álbum de música de raízes brasileiras

No Forró Do Seu Rosil – Lucy Alves & Clã Brasil

Heraldo do Monte – Heraldo do Monte

Cordas, Gonzaga e Afins – Elba Ramalho

AR – Almir Sater & Renato Teixeira

A Luneta e Tempo – Alceu Valença

Melhor música em português

Amei Te Ver – Tiago Iorc

D De Destino – Almir Sater & Renato Teixeira

Maior – Dani Black (part. Milton Nascimento)

Maria da Vila Matilde – Elza Soares

Vidas Pra Contar – Djavan

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