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Dupla lançou o single “Mais uma vez (Nós dois)” para marcar o reencontro. | Leonardo Aversa/Divulgação
Dupla lançou o single “Mais uma vez (Nós dois)” para marcar o reencontro.| Foto: Leonardo Aversa/Divulgação

Se você estava no Brasil no começo de 2006, provavelmente não soube parar de ouvir “É Isso Aí” – uma versão em português da canção “The Blower’s Daughter”, de Damien Rice, que fez sucesso na trilha sonora do filme “Closer – Perto Demais”. A música dominou as paradas e alavancou o CD e DVD ao vivo “Ana & Jorge” (2005), marco na carreira de Ana Caroline e Seu Jorge.

Sobretudo na dele: nos anos seguintes, o cantor – hoje mirando no sucesso massivo com projetos descarados (e divertidos) como “Música para Churrasco” volumes 1 e 2 – reconheceria facilmente que a parceria com Ana, que já fazia sucesso em larga escala quando foi convidada a participar do show “despretensioso” que gerou o disco, deu a ele um público bem mais amplo do que o que o acompanhava desde os tempos do grupo Farofa Carioca.

Onze anos daquele encontro, Ana e Jorge se reuniram novamente em 2016 para celebrar a parceria com uma pequena turnê, que chega a Curitiba nesta sexta-feira (10), no Live Curitiba (R. Itajubá, 143 – Portão). Os ingressos custam a partir de R$ 120 a meia-entrada e estão à venda pelo serviço Disk Ingressos (confira o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Show

Não chega a ser um mero repeteco, conforme explicou Ana Carolina em entrevista por e-mail para a Gazeta do Povo. Várias músicas gravadas no show de 2005 estão de volta, como os sucessos de Seu Jorge “São Gonça” e “Carolina”, as parcerias da dupla “O beat da beata” e “Comparsas”, o hit “É isso aí” e as releituras da MPB que deram parte do tom de “Ana e Jorge” – como “Tanta Saudade”, de Djavan e Chico Buarque. O novo encontro foi atualizado com novos sucessos dos dois artistas – incluindo um single produzido especialmente para promover o reencontro, a dançante e expansiva “Mais Uma Vez”, lançada oficialmente em abril.

Não havia nem a intenção de lançar o CD ou DVD [de “Ana & Jorge”, em 2005], mas o público abraçou, no Brasil e no exterior. A mistura deu certo pela sintonia, pela somatória de nossas verdades artísticas.

Ana Carolina Cantora e compositora

“Sabíamos que seria inevitável incluir músicas do primeiro trabalho mas partimos do princípio de que não seria um ‘vale a pena ver de novo’, mas uma grande celebração, uma festa”, diz Ana. “Incluímos alguns dos nossos hits e cada um escolheu músicas que admira e que a turma ‘canta junto’, e o resultado é um show com 30 canções e cheio de energia”, descreveu.

Segundo a artista, ainda não foi definido se um novo DVD será gravado com o show. “Por enquanto estamos querendo fazer estes poucos shows”, disse. “Tem gente viajando por vários estados para nos ver em cena, pois sabe que é uma oportunidade rara. Esperamos 11 anos e quisemos viajar por diversas capitais para dividir esse nosso encontro com a galera”, contou.

Sucesso

No início do show, Ana e Jorge fazem uma lista bem-humorada das coisas que mudaram nos últimos dez anos. A reportagem perguntou se um trabalho como “Ana & Jorge” teria chances de fazer tanto sucesso hoje, com as paradas dominadas por poucos gêneros, como o sertanejo universitário.

“A MPB sempre teve seu espaço, independentemente de fenômenos e segmentos. A MPB contém o todo, tudo é música popular brasileira no fim do dia. A música é a música – não importa se é rock, xote, funk ou valsa, o importante é seu poder de conectar almas, atrair ouvidos atentos e tocar corações”, respondeu Ana Carolina. “Não somos diferentes por estarmos em prateleiras distintas de uma mesma estante ‘música feita por brasileiros’. Somos todos artistas. Independentemente do estilo, é tudo arte e trabalho duro.”

Não uso réguas ou medidores. Meu estímulo é criativo, amo o que faço e produzo música por prazer antes de achar que tenho mais um ‘cavalinho’ na corrida. Não faço músicas para tocar em novelas ou em um bar, faço música apenas.

Ana CarolinaCantora e compositora

Para a cantora e compositora, o sucesso daquele trabalho – cujo CD vendeu mais de 300 mil cópias e o DVD, mais de 100 mil – se deveu à “força da música” e à “sinergia” entre as vozes dos dois.

“Ensaiamos por sete dias e fizemos três shows”, contou. “Não havia nem a intenção de lançar o CD ou DVD, mas o público abraçou, no Brasil e no exterior. A mistura deu certo pela sintonia, pela somatória de nossas verdades artísticas”, disse.

Ana, que fez uma pausa nos shows “intimistas” de voz e violão da turnê “Solo” por conta do projeto “Ana & Jorge”, também falou sobre como equilibra suas inquietações artísticas com a lógica do mercado.

“Em meu caminho lido da mesma formar com o sucesso de canções que todo mundo conhece e trabalhos mais conceituais que fala com poucos”, escreveu. “Não podemos traçar fórmulas ou fazer previsões do que seria o destino de uma canção ou trabalho. O que fazemos é criar, seguir fazendo... O resultado não é a meta, a meta é seguir fazendo o que se gosta e acredita.”

A artista diz que a qualidade de seu trabalho não é controlada pelo mercado, mas por sua relação com a canção. “Não uso réguas ou medidores. Meu estímulo é criativo, amo o que faço e produzo música por prazer antes de achar que tenho mais um ‘cavalinho’ na corrida. Não faço músicas para tocar em novelas ou em um bar, faço música apenas. Hoje posso estar na estrada com Seu Jorge ao mesmo tempo em que faço um show somente com meu violão”, escreveu. “Não se persegue uma lógica de mercado. Se segue uma batida, uma melodia.”

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