
Na prática é uma conta das mais complicadas, que envolve centenas de custos variáveis e porcentagens.
Mas a lógica para definir o preço do ingresso de um espetáculo é simples: o produtor do evento soma todos os gastos que vai ter com a produção e calcula quanto cada ingresso deverá custar para simplesmente compensá-los.
Essa média considera cerca de 60% a 70% da lotação do teatro – com 90% de meias-entradas. É a parcela da bilheteria que o espetáculo precisa vender para “empatar”. Abaixo dela, é prejuízo; acima, lucro.
Mas por que às vezes fica tão caro? As respostas dos produtores ouvidos pela Gazeta é similar: os custos – e os riscos – de um espetáculo são altos mesmo. Especialmente quando se tratam de grandes artistas, cujos cachês variam muito.
Há shows cobrando caro sem precisar, por ganância. Mas, na maioria das vezes, a conta está razoavelmente equilibrada, e o custo é o que é devido a uma série de fatores do negócio. É um negócio como outro qualquer, que tem que ter lucro. E o risco é alto: se o evento não dá certo, a produtora tem de pagar a conta.
“O cachê é a primeira nomenclatura que ponho na minha planilha”, conta Verinha Walflor, lembrando que os chamados “custos artísticos” também incluem gastos como transporte aéreo, hospedagem, camarim e transporte de parafernálias espetaculares.
“Muita gente acha que são os artistas que trazem o som e todo o equipamento, por exemplo. Mas sou eu que coloco. É o cachê, mais uma série de coisas que o público nem imagina que existem. O artista não tem despesas”, complementa Mac Solek, da Prime.
Esses gastos representam pelo menos metade do custo de um evento em um local como a Pedreira Paulo Leminski, de acordo com Hélio Pimentel, diretor da DC SET Eventos. “Quando se trata de um show internacional, este gasto é muito maior que o custo de produção”, conta. A capacidade do espaço que recebe o show também é um dos fatores cruciais para definir o preço da entrada.
A diferença entre a quantidade de público que “paga a conta” em um evento na Pedreira e na Ópera de Arame explica como os ingressos para o show de David Gilmour (14 de dezembro) custam menos que os de Caetano Veloso e Gilberto Gil (28 de agosto), por exemplo.



