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Que os Mutantes voltem e lancem CD duplo e DVD retrospectivos, ainda vá lá. É uma febre a chamada volta dos que não foram. Mas a banda liderada pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias vai compor material inédito, mostrando que ninguém vai dizer que eles deixaram barato. Eles se ligaram em outra, como cantam na música "Top top", e dão sinais de que incorporaram de vez a cantora Zélia Duncan. Durante entrevista nesta quarta-feira para o lançamento dos novos discos, os irmãos responderam com virulência a críticas feitas pela ex-vocalista, Rita Lee, dizendo que a colocaram 'para fora' da banda. E informaram que, com a nova cantora, preparam material inédito.

Os Mutantes têm shows marcados em São Paulo - gratuito, para comemorar o aniversário da cidade, em 25 de janeiro, no Museu do Ipiranga - e Rio - no Vivo Rio, uma semana depois. E sem perder as loucas sacadas de sempre:

- Em São Paulo, vamos fazer o show no grito. E vocês sabiam que Dom Pedro Segundo é filho de Dom Pedro Minuto? - brincou Arnaldo Baptista.

Depois seguem para Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, apresentando o mesmo show que virou o CD duplo e o DVD, gravados ao vivo no Barbican Theatre, em Londres, em 22 de maio de 2006. Já na capa, uma (típica) excentricidade: a imagem tem um código para ser decifrado.A imagem da capa do novo CD e DVD

- É igual a tentar descobrir o que o Arnaldo canta em "Top top". O desafio está lançado - divertiu-se Sérgio Dias.

Mas o trabalho maior foi dos irmãos, que tiveram que transpor para o palco arranjos de 21 músicas, o melhor dos Mutantes, muitas delas quase que impossíveis de se executar ao vivo, segundo Sérgio Dias. Para chegar lá, foram mais de 50 ensaios, que começaram em fevereiro deste ano. O grupo tocava junto de cinco a seis horas por dia. Zélia Duncan chegou um pouco depois e começou a ensaiar junto com os irmãos e Dinho, o baterista da formação original, a partir de abril.

- Escolhemos as impossíveis de tocar e estamos sendo muito fiéis aos arranjos originais. Quando ouvimos agora, 30 anos depois, o baixo e o piano de Arnaldo para "Baby" e o solo de guitarra que compus para "Top top" pensei: 'Poxa, eu tinha dezessete anos quando fiz isso, caramba' - emociona-se Sérgio, que disse que nos shows brasileiros dos novos Mutantes não serão incluídas outras canções.

- O show tem 21 músicas. Estamos velhinhos. Nosso geriatra proibiu de colocar mais - ironizou Sérgio, respondendo às críticas de Rita Lee, a quarta Mutante da formação original, sobre a volta do grupo à ativa.

A nova versão do grupo cresceu. Arnaldo Baptista (voz, órgão Hammon com caixa leslie), Sérgio Dias (voz, guitarras, violão, trompa e produtor do projeto) e Dinho Leme (bateria) são o trio da formação original. Eles ganharam o reforço da cantora Zélia Duncan (fã desde a adolescência e que se transformou numa nova mutante, incorporada oficialmente à banda) e de mais seis músicos: Simone Soul (percussão), Henrique Peters (tecladas, flauta doce e vocal), Vinícius Junqueira (baixo), Vitor Trida (teclados, flauta, viola, cello e vocal), Fábio Reco (vocais e percussão) e Esmérya Bulgari (vocais e percussão).

Participação de Rita? Nem pensar

A ex-mutante só tem criticado o revival do grupo e chegou a chamá-los de um "bando de velhinhos espertos tentando descolar grana para pagar seus geriatras". Sobre uma possível participação especial de Rita no show dos Mutantes em São Paulo, nada feito.

- A Rita era uma banana. Eu mandei a Rita embora dos Mutantes. A Zélia é mais adubada, é mais rock'n roll. A Zélia é Led Zeppelin. Estou botando 'mó' fé - sentenciou Arnaldo para, em seguida, no embalo, criticar a cena musical contemporânea:

- Vivemos no resplandecer da era do fogo. Tudo que a humanidade faz hoje, faz queimando. Só espero que não queime a gente.

De qualquer maneira, Rita ainda é referência para os irmãos mutantes. Ao contar o que espera dos críticos, Sérgio Dias lembrou que a banda foi criticada no tempo de Rita Lee e que o mesmo deve ocorrer agora, sem ela.

- Malharam a gente com a Rita, agora malham sem a Rita. Isso irRita.

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