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Mutarelli diz que prefere atuar | Bel Pedrosa/Divulgação Companhia das Letras
Mutarelli diz que prefere atuar| Foto: Bel Pedrosa/Divulgação Companhia das Letras

São Paulo - Lourenço Mutarelli se expõe demais. Diz que tenta evitar e não consegue. Há coisa de um mês, abriu um blog para tentar investigar junto com os internautas por que, ou quando, voltou a beber após 15 anos.O escritor e cartunista lembra que, quando foi para Nova York, por conta do projeto Amores Expressos, da Companhia das Letras, ainda não bebia. Era setembro de 2007. Dez meses depois, voltou aos EUA para finalizar o livro prometido à editora, e então ele já bebia. Não sabe precisar em que momento aconteceu.

Na última quinta, no Festival do Rio, ele mostrou ao público sua estreia como protagonista num longa. O filme é O Na­­ti­­morto, de Paulo Machline, baseado no livro homônimo de Mu­­tarelli. O escritor fica o tempo todo em cena, parte dele sozinho, parte com Simone Spo­­ladore.

Não gostar de chamar a atenção enquanto se expõe demais é uma das contradições de Mu­­tarelli. Ele não hesita em falar sobre a bebida, a depressão, a relação "absurda" com a família. Também achou "ótimo, agradável mesmo" fazer a cena de O Natimorto em que aparece em meio a 600 baratas.

Mas, às vésperas de o longa ser exibido, ele admite: "Nunca tive tanto medo".

A agonia diz respeito à opinião do público ("Não é bom sinal eu gostar do filme"), mas há outras razões. Nesta terça, ele lança seu quinto romance, Miguel e os Demônios, pela Com­panhia das Letras, que ainda reedita O Natimorto.

Daqui a um mês, ele saberá se é mesmo o azarão do Prêmio Portugal Telecom, ao qual concorre pelo bom A Arte de Produzir Efeito sem Causa. Disputa com António Lobo Antunes e João Gilberto Noll, entre outros, e pode ganhar até R$ 100 mil. "Não imagino ganhar, mas estar entre os dez é legal."

Ao falar de Miguel e os De­­mônios – história sobre um po­­licial en­­volvido com um travesti – , discorre sobre seu interesse pela demonologia. Diz que o alcoolismo e a depressão que o seguem "são aberturas para a possessão".

Em casa, cercado de gatos – são cinco, Doutor, Doutora, Men­­­tira, Gepreta e Mia –, conta que anda sendo reconhecido nas ruas, o que o deixa "mal".

"Não gosto quando mudam o tratamento por acharem que sou alguém. As pessoas maltratam a gente e, de repente, mudam", diz, ecoando discurso do cartunista Robert Crumb.

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