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O grupo paulistano Omstrab se apresentou nos Estados Unidos após contato com uma rede de programadores | Gal Oppido/Espetáculo Montestoria
O grupo paulistano Omstrab se apresentou nos Estados Unidos após contato com uma rede de programadores| Foto: Gal Oppido/Espetáculo Montestoria

Enquanto você estiver relaxado, assistindo às peças que escolheu da programação do Festival de Curitiba, alguém do seu lado poderá estar ali a trabalho: programadores culturais, do Brasil e do exterior, dotados de faro fino para identificar espetáculos e/ou grupos que posteriormente poderão convidar para festivais.

Neste ano, Curitiba recebe cerca de 20 "olheiros" brasileiros e 15 estrangeiros, como o diretor do Festival Internacional de Teatro de Manizales, na Colômbia, Octavio Arbeláez. Ele contou à Gazeta do Povo que vem em busca do "instante mágico de comunicação entre ator e espectador, da cumplicidade entre o universo criativo e o público".

Arbeláez busca ainda "ter acesso a uma informação privilegiada sobre os novos caminhos a que recorrem os jovens criadores e um panorama das novidades por parte dos diretores já consagrados". Aqueles que se encaixarem no perfil terão chances de se apresentar no Festival de Manizales, em setembro.

Com hospedagem, transporte, alimentação e ingressos oferecidos pela organização do festival, os programadores representam uma oportunidade de catapultar carreiras. "Para os grupos, é mais uma oportunidade de dar continuidade a seus espetáculos", diz o diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz.

É uma forma pela qual mercados de difícil acesso aos artistas brasileiros, como o norte-americano, acabam "vindo até Maomé". O National Performance Network, sediado em Nova Orleans, organiza a vinda a Curitiba de nove pessoas dos Estados Unidos. "Vamos olhar grupos menores de dança, teatro, música, performance, em busca de algo que seja muito específico ao país e que tenha algo inovador", disse à reportagem a diretora de projetos internacionais do conglomerado de programadores e artistas, Renata Petroni.

O grupo que ela representa já convidou artistas brasileiros: a coreógrafa Cristina Moura, em 2005; o grupo de dança paulistano Omstrab, em 2006 (veja mais ao lado), e a coreógrafa Márcia Milhazes, do Rio de Janeiro, em 2007.

"O mercado americano é muito difícil, e se você consegue quebrar essa barreira e ser convidado, acaba abrindo novos caminhos", diz Celso Curi, um dos curadores do Festival de Curitiba. "Uma vez começando a circular no exterior, o grupo passa a fazer parte das agendas internacionais."

Curi conta que já levou os paulistas do Pia Fraus para o Chile e os Estados Unidos, e indicou os mineiros do Grupo Galpão, que se apresentou na capital chilena com Till, A Saga de um Herói Torto, em "portunhol", no festival Santiago a Mil, em janeiro deste ano.

A diretora do evento, Carmen Romero, vem neste ano pela primeira vez a Curitiba, especialmente para assistir ao espetáculo de abertura Sua Incelença, Ricardo III, do Clowns de Shakespeare, com direção de Gabriel Villela. "Gosto da alegria das companhias brasileiras, da forma como contam suas histórias", disse à Gazeta do Povo.

Ela participa, no fim de semana, do primeiro encontro de redes de promotores culturais das Américas, em São Paulo, onde os convidados verão espetáculos mais voltados para a dança, já que depois se concentrarão no teatro em Curitiba.

Carreira no exterior

"Com certeza, o Festival de Curitiba colaborou para que fizéssemos turnês internacionais", conta Marcelo da Silva Olinto, ator e figurinista da Companhia dos Atores, do Rio de Janeiro. Eles se apresentam por aqui desde a primeira edição da mostra, além de circular por diversos outros festivais nacionais.

Foi nas apresentações ao redor do país que acabaram sendo observados por "olheiros" estrangeiros, e então vieram convites para viagens: Chile, Argentina, Colômbia, Portugal, Rússia, Portugal, Bulgária, Espanha, França e Alemanha estão no currículo do grupo, que recebeu o prêmio da crítica francesa de melhor espetáculo estrangeiro por Ensaio.Hamlet.

Experiências como essa turbinam não só a vivência das companhias, mas dos artistas, individualmente. Essa é a opinião do diretor do grupo de dança, música e teatro Omstrab, Fernando Lee.

O curador do Festival de Curitiba Celso Curi indicou os paulistanos aos programadores do National Perfomance Network em 2006, e o grupo partiu em turnê pelos estados da Flórida, Iowa e Montana.

"Foi extremamente enriquecedor para o grupo e para cada um dos artistas", conta. Ele cita um ganho colateral: "Serve para desmistificar a relação de dualidade que temos com os EUA: ou achamos que é um lugar maravilhoso, ou o demonizamos."

Em relação às opiniões do público norte-americano quanto à arte brasileira, ele enumera visões bastante diversas. "Querem ver trabalhos contemporâneos com vertente intimista, e também trabalhos que explicitam mais uma cultura brasileira crua."

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