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Além de dar aulas de teatro, George Sada vai atuar na remontagem do balé O Espírito da Floresta | Daniel Cibin/Divulgação
Além de dar aulas de teatro, George Sada vai atuar na remontagem do balé O Espírito da Floresta| Foto: Daniel Cibin/Divulgação

Foi com surpresa que o ator e diretor George Sada recebeu um convite para dar aulas de teatro aos bailarinos da escola suíça Rudra Béjart, criada por Maurice Béjart (1927-2007), um dos mais importantes coreógrafos do século 20.

Seus alunos serão 40 artistas de 18 nacionalidades diferentes, interessados em absorver um tanto da cultura brasileira. Sada embarca no dia 4 de junho para a cidade de Lausanne, com a bagagem carregada de ritmos nacionais, do maracatu ao vanerão, passando pelo frevo, e de discos de músicos curitibanos como a cantora Karine Hass. Bossa Cuca Nova e Ivete Sangalo também têm espaço na mala, representando a variedade musical do país.

"Eles querem conhecer a expres­­sividade brasileira e ouvir como se fala o português", conta Sada, que em Curitiba ensina na Escola de Dança do Balé Teatro Guaíra (BTG) e no centro de formação que ele mesmo fundou e administra, a Escola Cena Hum.

Nos espetáculos de dança da companhia, sempre há textos falados. Por isso, o interesse por um professor de teatro que mostre aos integrantes "como dar ao texto a emoção que um brasileiro tem ao falar as palavras", como foi pedido ao convidado. Sada já está avisado: nada de intérpretes. Ele até fez algumas aulas particulares para aprimorar o pouco de francês que aprendeu anos atrás, mas o que se espera ouvir da sua boca não é outra senão sua língua-mãe.

A política em vigor na escola suiça ligada à companhia de dança Maurice Béjart (esta, sediada em Paris, na França) é colocar os bailarinos em contato com outras culturas. Nos últimos tempos, receberam um professor coreano e outro de dança indiana, por exemplo.

O nome de Sada surgiu por in­­termédio de um ex-aluno curitibano, Arthur Louarti, que foi estudar na Suiça. Perguntavam aos estudantes indicações de profissionais de qualquer lugar do mundo que pudessem ensinar interpretação teatral ao grupo de dança, e o rapaz trouxe à tona o nome do antigo professor.

George Sada foi escolhido sem que tivesse ao menos enviado material para ser apreciado pelo diretor da Rudra Béjart, Michel Gascard. Pesou, ao que sabe, particularidades do seu currículo, como ser o proprietário de uma escola de teatro e um dos raros professores da arte teatral de fato contratado por uma instituição de balé (o BTG).

Além das aulas, o convite feito por Gascard prevê que Sada integre, como ator, o próximo espetáculo da companhia de dança, uma remontagem do balé O Espírito da Floresta. A primeira versão estreou em 1980, com coreografia assinada por Maurice Bejárt ao lado de algumas antigas, emprestadas do russo Marius Petipa. Um contemporâneo do dramaturgo Chékhov, cujos textos inspiraram a criação.

Os ensaios devem começar em setembro ou outubro, a estreia será em Lausanne e, em seguida, é provável que partam para uma turnê pelo Brasil.

Sada planeja aproveitar a aproximação para, em breve, trazer Michel Gascard em visita à Cena Hum. Sua admiração pela companhia de dança que o francês dirige na Suiça vem da busca pelas múltiplas expressões empreendida mundo afora, e que se reverte, nos espetáculos, como uma pesquisa aprofundada para cada movimento.

De sua parte, Sada, nascido em Blumenau e morador de Curitiba desde 1976, vai contribuir com a experiência de 25 anos e com um pouco da cultura em que vive.

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