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Em “O Contador de Histórias”, jovem volta à sua comunidade natal para ensinar capoeira às crianças. “Memória e Leite” (à dir.) foi feito na Reserva Chico Mendes, no Acre | Divulgação
Em “O Contador de Histórias”, jovem volta à sua comunidade natal para ensinar capoeira às crianças. “Memória e Leite” (à dir.) foi feito na Reserva Chico Mendes, no Acre| Foto: Divulgação

Programação

Confira a seguir os próximos episódios de Caminhos que irão ao ar no canal SescTV:

• "O Espelho de Téo" (RJ)

Direção: Heloisa Passos

Hoje, à 0h, e segunda (23/4), às 3h.

• "Entre as Maras e o Mar" (CE)

Direção: Marília Rocha

Hoje, às 19h; segunda (23/4), 21h; terça (24/4), 1h e às 15h; quarta (25/4), às 9h; sábado (28/4), às 13h; domingo (29/4), à 0h; segunda (30/4), às 3h.

• "O Contador de Histórias" (BA)

Direção: Heloisa Passos

Dia 29/4, às 19h; segunda (30/4), 21h; terça (1/5), 1h e às 15h; quarta (2/5), às 9h; sábado (5/5), às 13h; domingo (6/5), à 0h; segunda (7/5), às 3h.

• "Memória e Leite" (AC)

Direção: Heloisa Passos

Dia 6/05, às 19h; segunda (11/06), 21h; sábado (16/6), às 13h.

• "Assim Que Subir a Maré" (AP)

Direção: Marília Rocha

Dia 13/5, às 19h; segunda (14/5), 21h; sábado (19/5), às 13h.

• "Trilhos e Grãos" (SP)

Direção Katia Lund

Dia 20/5, às 19h; segunda (21/5), às 21h; sábado (26/5), às 13h.

• "A Casa da Nonna" (RS)

Direção: Marília Rocha

Dia 27/5, às 19h; segunda (28/5), às 21h; sábado (2/6), às 13h.

• "Pelo Canavial" (PE)

Direção: Heloisa Passos

Dia 3/06, às 19h; segunda (4/6), às 21h; terça (5/6), à 1h e às 15h; quarta (6/6), às 9h; sábado (9/6), às 13h; domingo (10/6), à 0h; segunda (11/6), às 3h.

• "Entre Lá e Cá" (PR)

Direção: Heloisa Passos

Dia 10/6, às 19h; segunda (7/5), às 21h; terça (8/5), 1h e às 15h; quarta (9/5), às 9h; sábado (12/5), às 13h; domingo (13/5), à 0h; segunda (14/5), às 3h.

  • A curitibana Heloisa Passos é a diretora geral do projeto e assina vários episódios
  • Katia Lund, codiretora de Cidade de Deus, dirige o episódio

A ideia para a série Caminhos, exibida pelo canal SescTV (leia quadro ao lado), nasceu em 2004, quando a cineasta paranaense Heloisa Passos assistiu ao documentário Être et Avoir (Ser e Ter) no Festival É Tudo Verdade, em São Paulo. "Fiquei muito impressionada como Nicolas Philibert [o diretor] abordou a questão da educação de uma forma observativa. A câmera se propõe a respeitar o tempo do lugar: o filme se passa dentro de uma única sala de aula."

Heloisa, então, foi ao encontro de duas educadoras em Curitiba, Regina Villas Bôas e Emilia Hardy, já com a proposta de desenvolver o projeto de um filme. "Como parte de nossas atitudes está ligada à educação que tivemos – e, quando falo educação, estou me referindo em um sentindo amplo da palavra, na ação de desenvolver as faculdades emocionais, intelectuais e morais e na busca da identidade – a opção acabou sendo por um roteiro no qual a sala de aula não fosse o foco, mas, sim, o caminho para o conhecimento."

Também em 2004, foi aberto o primeiro edital de cinema e vídeo no Paraná, pela Secretaria de Estado da Cultura, e como, naquele momento, Heloisa buscava fazer um documentário em Curitiba, ou perto da cidade, uma descoberta foi tudo o que precisava: a Colônia Castelhanos, no município de São José de Pinhais, uma comunidade quase isolada entre as montanhas da Serra do Mar.

Assim, nasceu Caminho da Escola – Paraná, documentário de 54 minutos, com o qual a diretora descobriu a possibilidade de contar histórias por meio do cotidiano de duas famílias da mesma comunidade. "Elas tinham em comum o fato de suas crianças caminharem muito para chegarem à escola. Descobri aí que me interessava desvendar o Brasil e os brasileiros através dos caminhos trilhados ao buscarem seus sonhos."

O próximo passo foi procurar o SescTV – canal voltado à cultura mantido pela entidade que representa a categoria dos comerciários e apresentar a ideia da série. "Começamos o nosso diálogo e chegamos ao formato de 13 episódios de 26 minutos num modelo de coprodução."

O processo

Com a proposta de realizar, por meio de sua produtora, a Maquina Filmes, uma série complexa, abrangente, a equipe de Caminhos mapeou o Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste. "No Ceará, optamos pelo litoral; em Pernambuco, foi o Canavial; no Amazonas, a comunidade ribeirinha; no Acre, a Reserva Chico Mendes; no Rio Grande do Sul, queríamos buscar o ‘chiado’ italiano ou alemão; no Paraná, foi uma ilha na frente do Porto de Paranaguá. Na cidade do Rio de Janeiro, sabíamos que não queríamos filmar favela e nem a Baixada Fluminense. No Mato Grosso, começamos pesquisando o Pantanal e decidimos pela fronteira com a Bolívia", conta a cineasta.

A escolha, desde o início, foi por várias modalidades de escolas. "Nossos personagens ‘caminham’ para aulas de violino, balé clássico, capoeira, e também para a sala de aula normal. O importante era que tivessem o desejo da transformação!"

Com as regiões e faixas etárias dos personagens decididas, pesquisadoras ligadas ao projeto foram levantando histórias e apresentavam à equipe da série pelo menos três opções em cada região. "Aí, um pesquisador viajava até o local escolhido e trazia as histórias mais detalhadas para a gente decidir quem seria o personagem de cada episódio. Demoramos um pouco para descobrir que o mais importante não era a grande distância do percurso realizado para chegar à escola – o desafio era encontrar crianças, adolescentes, ou uma menina grávida, um casal de namorados ou um senhor de 60 anos que se orgulhassem de suas vidas."

Para Heloisa, Caminhos é um jeito novo de descobrir o Brasil na sua extensão geográfica, econômica e político-social. Mas, sobretudo, em sua dimensão afetiva e humana. "Nosso país é gigante, continental. Como estou envolvida nesse projeto há muito tempo, posso dizer que, nos últimos cinco anos, a oferta de transporte escolar cresceu muito. Quando estávamos pesquisando, tínhamos uma questão: se deixássemos para filmar nos próximos seis meses, ou no ano seguinte, corríamos o risco de perder o trajeto do personagem escolhido, porque o transporte escolar estava sempre prestes a chegar. De qualquer forma, as distâncias são muito longas e em muitos lugares não é possível o transporte terrestre, somente o fluvial; como por exemplo no Amapá: quando a maré sobe com o barco lotado de jovens, a embarcação é obrigada a estacionar no meio do caminho, na madrugada, para esperar que a maré baixe e só na manhã seguinte seguir o trajeto até chegar na Escola do Bosque no Arquipélago de Bailinque."

Depois de tantas trilhas percorridas, Heloisa descobriu que o mais importante é acreditar nos sonhos e no poder de transformação. "A questão da educação está relacionada à cidadania, ao pertencimento, à projeção de um futuro."

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