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A banda Bad Religion | Divulgação
A banda Bad Religion| Foto: Divulgação

Serviço

Bad Religion. Domingo (7), às 22h. Curitiba Master Hall (Rua Itajubá, 143). Entrada: R$ 53 para portadores de carteirinha estudantil e doadores de 1 kg de alimento. Mesa para quatro pessoas: R$ 200 + ingressos. Área VIP: R$ 23 + ingresso. Camarotes: 12 pessoas - R$ 500 + ingressos. Pontos de venda: Disk Ingresso, pela internet, telefone (41) 3315-0808, e nos quiosques no Shopping Mueller e Curitiba. Informações: (41) 3013-3374 ou 3248-1001.

Aos 28 anos de carreira, o Bad Religion apresenta o álbum "New Maps of Hell" neste domingo (7), no Curitiba Máster Hall. Em entrevista à Gazeta do Povo, o baixista Jay Bentley disse que todos os integrantes eram muito jovens - cerca de 15 anos de idade - quando o grupo começou. "Não tínhamos a menor noção do que estávamos fazendo", disse ele.

Com letras que abordam questões e problemas políticos e sociais, Bentley acredita que o impacto do trabalho feito pelo grupo ao longo dos anos pode ter fornecido respostas a algumas pessoas individualmente, mas não acredita que isso afetou diretamente questões políticas. "Como fã de música, bandas tiveram como me guiar e proporcionar certas idéias que me serviram de respostas. Mas se essas respostas tiveram realmente um impacto na reeleição do George W. Bush para presidente, eu posso honestamente dizer que não", explicou.

A sonoridade da banda se manteve estável ao longo do tempo, e não sofreu bruscas transformações nos 28 anos de carreira. "Nós não sabemos fazer nada melhor", disse Bentley aos risos. Ele completou que a banda tentou expandir a definição do que é o Bad Religion se "jogar tudo para o alto", como fizeram no álbum "Into the Unknown", lançado em 1983 e que não foi bem recebido pelos fãs. "Temos uma referência histórica, a qual nós não queremos repetir, mas ao mesmo tempo tentamos nos confrontar e encontrar idéias de sonoridades que nunca fizemos antes", explicou.

Ele completa que foi somente alguns anos depois, com o lançamento do álbum "Suffer", que a banda voltou a se solidificar. "Quando entramos no estúdio em 1988, nós sabíamos muito mais o que queríamos fazer", completou. Para ele, é preciso ter alguma mudança para manter a atenção dos fãs. "Acho importante que as bandas se mantenham criativas e relevantes", disse.

Começo

É comum que muitas bandas atuais sigam o caminho independente para se tornarem conhecidas, algo que há alguns anos atrás poderia ser considerado praticamente impossível. O Bad Religion começou em uma gravadora própria, criada para lançar o trabalho da banda. "Todo mundo disse que nós éramos péssimos e que não iríamos consegui, e é por isso que criamos a Epitaph Records", explicou.

Alguns anos depois, quando a popularidade aumentou, o grupo assinou com uma grande gravadora. "Pensávamos que talvez fosse grande demais para que a gente suportasse, e a banda poderia se sair muito melhor com algo muito maior", disse Bentley. Apesar do aumento nas vendas, a restrição no processo criativo trouxe o grupo de volta a Epitaph Records. "Tivemos muitos problemas de personalidade", completou.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

O Bad Religion é conhecido por manter a identidade musical ao longo de todos os álbuns já lançados. Como foi possível manter a sonoridade sólida por todo este tempo?

Eu honestamente tenho que responder que nós não sabemos fazer nada melhor (risos).

Foi intencional a opção por não fazer nenhuma mudança significativa no som?

Não. Eu acho que nós tentamos fazer mudanças, mas por algum motivo nós sempre voltamos a fazer o que nós fazemos. Quando você tem certo número de guitarras sendo tocadas em certo tipo de amplificador; um baterista tocando de uma certa forma e Greg com o seu próprio padrão vocal, eu tenho certeza de que tudo que nós fazemos soa como nós.

Você acha que este padrão foi o responsável por manter os fãs atrelados à banda por tantos anos?

Eu sei que nós, como banda, temos uma boa idéia do que o Bad Religion é. Eu sei que nós trabalhamos muito para expandir esta definição do Bad Religion sem jogar tudo para o alto, como nós fizemos em um álbum chamado "Into the Unknown". Nós temos uma referência histórica, a qual nós não queremos repetir, mas ao mesmo tempo nós tentamos nos confrontar e encontrar idéias de sonoridades que nós nunca fizemos antes. Algumas vezes é tão simples quanto a pós-produção, adicionar alguns sons depois da gravação.

Este álbum, "Into the Unknown", foi lançado em 1983. Você acha que depois deste álbum malsucedido a banda ficou com um "pé atrás" em experimentar?

Honestamente eu acho que depois que aquele álbum foi feito, foi lançado outro CD chamado "Back to the Known". Isso foi "ok", mas eu acho que quando nós começamos a fazer o "Suffer", nós escrevemos muito rápido e tivemos idéias sobre sons, músicas, vocais de fundo, e coisas que nós não fizemos em 1980 porque nós tínhamos apenas 15 anos. Nós não tínhamos coragem para fazer certas coisas, pois entrávamos no estúdio e íamos um pouco de acordo com o produtor que estava com a gente. Nós de alguma forma ouvíamos ele. Eu acho que quando entramos no estúdio em 1988 nós sabíamos muito mais o que nós queríamos fazer.

Você acha que é importante para uma banda evoluir na questão sonora para manter as pessoas interessadas?

Eu acho que importante que as bandas se mantenham criativas e relevantes. Eu conheci muitas bandas que se prenderam em um som ou estilo que perdeu popularidade. Por exemplo, se nós tentássemos fazer um álbum "emo" agora, eu acredito que quando o álbum fosse lançado, o "emo" não seria tão popular quanto é hoje. Então isso seria muito estúpido.

O que você acha das bandas deste estilo musical, que muitas vezes se inspiraram e foram influenciadas pelo Bad Religion?

É apenas outro estilo de música, e estão todos dentro do guarda-chuva do rock ‘n roll. Tem speed metal, death metal, rock, emo, pop, punk, cada um com seus próprios termos. Eu não me preocupo com a maioria das muito "choronas". Não gosto de pessoas chorando (risos).

Existe algumas dessas novas bandas que você admira?

Eu fiz muitos bons amigos na turnê mundial. Nós tocamos com tantas bandas que eu nem me lembro. Algumas vezes eu olho para esses caras e penso que às vezes eu não gosto muito da música, mas eu gosto muito das pessoas. Mas eu continuo pensando que Thursday foi a primeira banda próxima a este gênero que eu vi, e continuo pensando que eles são os melhores nessa categoria.

Como você disse, quando você começou vocês tinham cerca de 15 anos. Como é entrar no estúdio hoje com a experiência que você alcançou ao longo do tempo?

Quando nós fizemos o nosso primeiro álbum, nós fizemos uma demo assim como todo mundo e passamos por várias pessoas, tentando conseguir um contrato com uma gravadora. E todo mundo disse que nós éramos péssimos e que não iríamos conseguir, e é por isso que criamos a Epitaph Records. Mesmo quando nós fizemos nosso primeiro álbum, nós estávamos fazendo isso sozinhos. Não tinha ninguém ali de uma gravadora nos dizendo o que fazer. No entanto, como eu te disse, quando nós estávamos trabalhando com uma pessoa pela qual nós tínhamos muito respeito, ele nos dizia alguma coisa e nós o ouvíamos, e não há nada de errado nisso. Eu acho que nós não tínhamos a menor noção do que estávamos fazendo. Agora, quando nós entramos no estúdio é praticamente apenas nós, e nós sabemos o que queremos.

Vocês criaram este selo nos anos 80 para lançar seus próprios álbuns, algo que não era comum no período, mas que se torna cada vez mais freqüente hoje quando o mainstream não é o único caminho. No entanto, alguns anos depois, vocês assinaram com uma grande gravadora. Qual foi o motivo desta opção?

Na época, em 1993, Brett e eu estávamos trabalhando com a Epitaph e tinham outras três pessoas trabalhando com a gente no grupo. Nós lançamos um álbum chamado "Recipe for Hate" e foi bastante popular para uma pequena gravadora trabalhando de um depósito em Santa Mônica Boulevard, na Califórnia. Brett e eu pensávamos que talvez fosse grande demais para que a gente suportasse. Pensávamos que a banda poderia se sair muito melhor com algo muito maior. Ao mesmo tempo nós pensávamos que talvez a gravadora se saísse melhor se não tivesse que passar tanto tempo apenas com o Bad Religion. E a realidade é que a questão era sim nos dois casos e quando nós fomos a busca da Sony, Warner, Atlantic, seja qual for, nós nos demos melhor na questão de vendas, mas tivemos muitos problemas de personalidade e, obviamente, nisso a Epitaph se deu tremendamente bem. Foi como se tanto a banda quanto a gravadora tivessem que dar respirar fundo e sair de perto de cada um. Obviamente agora nós estamos de volta à Epitaph e estamos muito felizes.

Você acha que as bandas hoje em dia não precisam de uma grande gravadora para ganharem a vida com suas músicas?

Eles certamente não precisam. Eles não precisam de uma gravadora para conseguir nada. As bandas tem grandes páginas no MySpace e, a partir disso, conseguem colocar suas músicas nas rádios. E depois, estranhamente, eles assinam com uma gravadora (risos). Parece-me que o resultado final ainda é o mesmo, mas você definitivamente não precisa começar em uma gravadora. Eu acho que essa é a grande diferença. Havia um tempo em que se você tivesse uma banda, nunca ninguém iria ouvir se você não tivesse um disco lançado, e a única maneira de lançar um disco era por meio de uma gravadora. Você não precisa mais disso.

As letras do Bad Religion falam, normalmente, sobre problemas e questões sociais e políticas. Você acredita que estas letras geram um impacto no público da banda?

Se as letras têm ou não um impacto no nosso público, é uma coisa difícil de dizer. Mas se as letras têm ou não um impacto na própria política, eu posso definitivamente falar que não. Como um indivíduo ouvindo à música, como eu mesmo, como um fã de música, as bandas tiveram como me guiar e me proporcionar certas idéias que me serviram de respostas. Mas se essas respostas tiveram realmente um impacto na reeleição de George W. Bush para presidente, eu posso honestamente falar que não, as coisas não aconteceram desta forma.

Sobre o show que a banda vai apresentar aqui em Curitiba, a apresentação é para divulgar o mais recente CD, "New Maps of Hell". Quais as diferenças deste projeto com relação aos passados?

Eu acho que álbum anterior que nós fizemos, "The Empire Strikes First", seria o mais diferenciado por ser mais politicamente motivado. Este álbum é a primeira vez que nós temos que voltar de algo que estávamos muito presos e mostrar como nós estamos nos sentindo, e este álbum significa o "e agora, o que fazemos?". Greg escreveu muito sobre os seus estudos agora que ele está dando aulas em UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles), e Brett ainda sente muita antipatia e aversão ao processo político. Eu acho que, em relação às letras, nós nos encontramos pensando sobre o que vamos fazer amanhã. Musicalmente, eu acho que a melhor descrição para as grandes mudanças nisso é em relação ao Brooks demonstrando sua personalidade como baterista. Eu acho que quando ele entrou na banda ele hesitou em ser ele mesmo. Agora, ele se sente tão confortável quanto os outros membros. Eu apenas prevejo que as músicas fiquem ainda mais e mais complicadas no futuro (risos). Ele é um baterista fantástico.

A banda já teve muitas alterações no line-up. Foi possível acrescentar um pouco da personalidade de cada um dentro da banda?

Nós somos uma banda muito democrática. Não tem nenhuma pessoa que nos diga o que vamos fazer, nós sempre votamos nas coisas, conversamos sobre as coisas. Cada um tem a sua personalidade e cada um pode colocar o seu lado na banda se eles desejam. Tem muitas vezes que algum membro disse que iria embora, pois não achava que deveria participar de alguma decisão. Algumas vezes nós ficamos bem com isso, e normalmente fazemos graça se eles resolvem sair (risos).

O Bad Religion se apresentou aqui em Curitiba no último ano. Quais serão as principais diferenças com relação ao show que a banda apresenta neste fim de semana?

Depende se o Greg vai ou não levar o seu violão, o que eu acho que ele não vai pelo que eu falei com ele (risos). Mas nós estamos tentando colocar um setlist em vista. Nós fizemos uma pequena série de shows no House Of Blues (em Chicago) no início deste ano, e tentamos fazer um setlist com canções que as pessoas disseram que queriam ouvir e que nós não temos tocado. Estamos tentando mostrar um visão geral e honesta da banda com relação a estes 28 anos.

Vocês decidem o repertório na hora do show ou já tem algo preparado?

Normalmente é pouco antes do show.

Você tem alguma música em mente que deve aparecer no show?

Eu não sei (risos)! Eu tenho uma boa idéia do que pode possivelmente estar ali, mas não tem nada acertado.

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