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Nunca, desde sua fundação em 2001, o festival anual Primavera Sound, no complexo à beira-mar Parc del Fòrum, em Barcelona, havia recebido tantos espectadores quanto na noite de encerramento de sua edição 2009, neste sábado (30).

As 30 mil pessoas presentes (segundo dados da organização), uma massa eclética com faixa etária que abrangia dos vinte poucos aos cinquenta e muitos anos, deixou um pouco de circular entre os seis palcos do evento para voltar às atenções ao principal. Ali, com 15 minutos de atraso, por volta das 21h30 entrou em cena o motivo do recorde de público: Neil Young, em sua primeira aparição de na cidade espanhola após 22 anos.

De calça jeans e camisa xadrez, o lendário músico canadense de 63 anos justificou sua reputação de entregar-se no palco e realizar grandes concertos, com honestidade e um voraz apetite pelo rock and roll sem segredos. A cada acorde ou ruidoso solo que extraía da inseparável Old Black, sua velha guitarra Gibson, jogava o peso do corpo sobre as pernas para marcar o ritmo, agitando a cabeleira grisalha.

O veterano não conversou muito com a platéia, mas foi simpático nos poucos momentos em que o fez, e no final se animou a ponto de vestir um cachecol do F.C. Barcelona, o time de futebol local que recentemente sagrou-se Campeão Europeu, Espanhol e da Liga do Rei. Para aclamação geral do público, mesmo que este fosse formado em grande parte por estrangeiros.

Somente clássicos

Young comandou seus cinco competentes músicos de apoio numa retrospectiva que envolveu algumas das melhores músicas das quatro décadas de sua carreira. Predominaram, porém, os sucessos lançados pelo artista na década 1970, originalmente listados em álbuns essenciais como Everybody knows this is nowhere (1969), Harvest (1972) e Rust never sleeps (1979). Do recém-lançado Fork in the roadGet behind the wheel entrou.

Todo o repertório foi executado com rigorosa fidelidade aos arranjos originais, e com o cantor se revezando entre piano, violão, gaita e a guitarra, que empunha com a ajuda de uma correia decorada com símbolos da paz.

Entre os momentos mais celebrados pelos fãs estiveram as pérolas roqueiras Hey hey, my my (Into the black)e Cinnamon girl, donas de alguns dos riffs de guitarra mais identificáveis do rock; as comoventes baladas Old man e The needle and the damage done; as igualmente indispensáveis Down by the river, Heart of gold e Cortez the killer; a menos antiga (de 1989) mas também clássica Rockin' in the free world; e, para o bis, uma comovente versão de A day in the life, para muitos a melhor música dos Beatles, presente no mítico álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967).

Um final apoteótico, mas prematuro, já que a organização emitira mais de um aviso indicando que o show duraria duas horas e meia. Foram 16 músicas em pouco menos de duas horas de apresentação.

Justificativa

No ano passado, o astro sexagenário pediu cerca de 1,5 milhão de euros para atuar no Rock in Rio Madrid. A direção do Primavera Sound garante que conseguiu trazê-lo para o festival barcelonês por uma cifra - não revelada - muito inferior.

A diferença de valores está relacionada à simpatia de Young por alguns dos outros 170 nomes escalados para os três dias de shows no Fòrum e performances prévias realizadas em outros espaços da cidade. Entre eles, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Throwing Muses, Jarvis Cocker, Yo La Tengo e The Jesus Lizard.

Mas, qualquer que fosse a quantia paga, a sensação que Young passa é a de que sua a camisa por cada centavo que ganha.

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