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Rádio

Nem oito nem oitenta

Agora que bandas e artistas locais recuperaram espaço na programação da Educativa FM, os fãs de música erudita também reivindicam atenção para o gênero

Depois de ser notícia no Twitter e no Facebook por conta da inserção de bandas locais em sua programação – e de ser aplaudida por isso –, a Rádio Educativa do Paraná (97,1 FM) foi novamente lembrada por seus ouvintes, alguns deles pertencentes ao Fórum Permanente de Música do Paraná, grupo virtual de discussões. E agora vaias foram ouvidas. A iniciativa, criada em 2005, conta com cerca de 500 interessados em música e a discussão entre seus integrantes teve como ponto de partida o pouco espaço para a música erudita na grade da emissora pública.

"Eu e outros ouvintes que sempre estavam ligados na Educativa sugerimos que a programação seja intercalada com outros gêneros musicais. A rádio ficou muito limitada e chata! É banda paranaense de manhã, de tarde e de noite. Sim, vamos dar uma força aos músicos paranaenses, mas vamos ser coerentes e variar a programação", escreveu o ouvinte Fabiano Guilherme, em e-mail encaminhado à Gazeta do Povo

Depois da mudança de governo, a Rádio Educativa do Paraná passou a contar com duas ho­­ras de programação diária voltadas à música erudita. Há os programas Grandes Ciclos da História da Música e Falando de Música, apresentado pelo maestro Osvaldo Colarusso, das 20 às 22 horas, às terças e sextas. Duas outras atrações, que abrangem a música sacra e a de câmara, são apresentadas no mesmo horário pelo compositor erudito Harry Crowl, intercalando-se entre se­­gunda e quarta-feira: não há dia fixo para cada subgênero. Há mais dois programas produzidos por Noemi Osna, jornalista especializada em Música Popular Brasileira, que completam a programação da semana.

Consultado pela reportagem, Osvaldo Colarusso concorda que o espaço destinado à música erudita poderia ser maior, mas relembra dos avanços em relação à administração anterior.

"Concordo que é pouco tempo, mas antes tínhamos somente uma faixa na programação, das 22 às 24 horas. O horário era terrível. Mudar isso já foi um ponto positivo. Então vi com simpatia essa alteração", diz o maestro, que trabalha na rádio desde 1998.

Ao vivo

Pai da cantora lírica Marília Vargas, integrante do Fórum Permanente de Música do Paraná e pesquisador de música antiga, Paulo José da Costa também diz sentir falta de outros gêneros, em especial da música erudita. "A programação nunca me agradou, mas passei a ouvir de uns tempos para cá e gostei. Seria interessante abrir horários específicos para concertos de trios, quartetos e programa de música barroca. Isso sem falar em música erudita paranaense", diz Costa, que, apesar de reclamar, se diz entusiasmado com o andamento da programação. "Antes era só música comercial sem necessidade", completa. Uma ideia, sugere, é a retransmissão de concertos pela TV Educativa do Paraná.

À espera

O diretor da Rádio Paraná Educativa, Fernando Tupan, por sua vez, se diz decepcionado por não ter sido contatado pelos que produzem ou se interessam por música erudita, para a troca de ideias e propostas. "O pessoal do rock, da MPB e até do jazz veio me procurar. Mas até o momento, não houve procura alguma por parte desses que reclamaram", diz o jornalista.

A discussão sobre a produção de música local – a pequena bola de neve proporcionada por uma mudança que aconteceu há tão pouco tempo – reforça o interesse de curitibanos por uma programação variada e de qualidade.

"Não tenho nada contra a divulgação de música erudita. Pelo contrário, queremos mais ouvintes. Mas quero contar com a colaboração desses músicos e produtores. Quero que eles venham conversar com a gente. Preciso que o pessoal me procure, que me mande discos e que me informem. Assim, o espaço vai aumentando", afirma Tupan.

Músico integrante das extintas bandas Estação no Inferno, Ídolos de Matinée e Tupans, e responsável pela programação da Rádio Estação Primeira, de meados da década de 1980 ao início da década de 1990, Tupan reforça que a variação musical existe e que a Rádio Educativa está de portas abertas. "Há um programa segmentado, que esses dias tocou música portuguesa e jamaicana." Tupan diz estar aberto a todas as manifestações e disposto a conversar com quem procurar a rádio.

Interatividade

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