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Médicos angustiados tentam reverter o contágio pelo vírus letal no longa-metragem | Divulgação
Médicos angustiados tentam reverter o contágio pelo vírus letal no longa-metragem| Foto: Divulgação

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O diretor Steven Soderbergh gosta mesmo de explorar de maneira quase didática algum tipo de fenômeno do mundo moderno. É assim, por exemplo, em Traffic, em que o narcotráfico é exposto desde a produção até sua ligação com a política. Contágio, sua nova produção, que estreia hoje nos cinemas, segue a mesma linha: um drama intrincado sobre diversos profissionais que exercem algum papel durante uma pandemia viral gerada pelo contato entre porcos e morcegos, que mata uma parte considerável da população mundial.

Com um elenco estelar, o filme mostra, entre outros, o pai de família Mitch (Matt Damon), que parece ser imune à doença, ainda que sua mulher e seu filho não o sejam; o Dr. Ellis Cheever (Laurence Fishburne), do Centro de Controle de Doenças, que tenta lidar com o novo vírus e a pressão da mídia ao mesmo tempo; as médicas Leonora (Marion Cotillard) e Erin (Kate Winslet), que vão a campo tentar descobrir mais sobre a doença; e o blogueiro Alan Krumwiede (Jude Law), dado a teorias da conspiração, que acredita ser o vírus apenas uma fonte de renda para a indústria farmacêutica – algo que foi realmente sugerido por boatos da época em que o vírus H1N1 atacou, em 2009.

O diretor seleciona histórias saídas da realidade para formar um painel sobre o desespero da população mundial ante uma ca­­­tástrofe biológica surpreendentemente plausível, como definiu o médico Thomas Frieden, chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta.

Paranoia

A direção de Soderbergh é primorosa e consegue direcionar um olhar paranoide aos detalhes. Mãos que encostam em copos, dedos levados à boca, tosse em locais fechados ganham destaque pela insistência da câmera, e é quase impossível permanecer impassível a essas preocupações.

É bem verdade que Contágio não oferece uma proposta muito diferente das outras produções do diretor, e pode ser que o filme, no futuro, sirva mais como um recorte histórico de nossa época do que um cenário propício para debate sobre o controle da informação ou os limites da civilização quando algo como uma pandemia toma conta.

Entretanto, o drama é consistente e maduro o suficiente para evitar maiores clichês e se tornar um filme óbvio. A sugestão do mote é aterradora e não poderia ser mais verdadeira: uma casualidade biológica pode mudar para sempre o destino da espécie humana.

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