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Em Noé, Russell Crowe não é um herói, mas um homem que tem um dever a ser cumprido a qualquer preço | Divulgação
Em Noé, Russell Crowe não é um herói, mas um homem que tem um dever a ser cumprido a qualquer preço| Foto: Divulgação

Cinema

Veja este e outros filmes no Guia JL.

  • Crowe criticou o tráfego no Rio de Janeiro, depois de um passeio de bicicleta pelas ruas da cidade

O ator neozelandês Russell Crowe, que esteve no Rio de Janeiro da última semana, divulgando a superprodução Noé, com estreia no Brasil prevista para o dia 3 de abril, disse apostar que muita gente vai se surpreender com o filme de Darren Aronofsky, diretor de Cisne Negro e O Lutador (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Segundo o astro, premiado com o Oscar por sua atuação em Gladiador (2000), Noé, apesar do encorpado orçamento estimado em US$ 130 milhões, e dos efeitos visuais e sonoros de última geração do qual se utiliza para dar veracidade à trama, vai muito além de um mero filme-catástrofe que toma como base a história bíblica do Antigo Testamento.

"É uma obra profunda, reflexiva, que descreve a trajetória de um homem escolhido por Deus para desempenhar uma tarefa, sem a questionar, porque o criador acredita que apenas ele seja capaz de a levar a cabo", disse Crowe, que interpreta o papel-título, descendente direto do terceiro filho de Adão e Eva, Set, irmão de Caim e Abel. A mulher de Noé, Naameh, é vivida por Jennifer Connelly, com quem o ator contracenou em Uma Mente Brilhante (2001).

Noé recebe a incumbência de construir uma arca, na qual, com o auxílio de sua família, deverá salvar casais de todas as espécies existentes de animais de um grande dilúvio, que inundará o planeta e dará fim à espécie humana, para que haja um recomeço, sem os vícios e os erros cometidos pelos homens desde a expulsão do primeiro casal do paraíso, após ter sucumbido ao pecado original.

"Noé não é um herói. Ele tem um dever a ser cumprido a qualquer preço, que acarretará sofrimento, dor e sacrifícios extremos. O filme discute o dilema de um homem que recebe um chamado do criador, e deve cumpri-lo, ainda que isso lhe traga perdas muito dolorosas, e nem sempre ele se julga capaz. E tem de recorrer a medidas extremas, que lhe trazem muito sofrimento", explicou.

Semana passada, Crowe, acompanhado de integrantes da equipe de Noé, esteve no Vaticano, com o Papa Francisco, mas não em um encontro exclusivo, como havia sido solicitado. Também não se sabe se o Sumo Pontífice assistiu ao filme, ou o que pensa sobre o longa-metragem. "Dada toda a controvérsia em torno do filme, o fato de termos sido convidados ao Vaticano já foi muito gentil."

Quanto ao boicote à superprodução, banida em vários países de fé islâmica, como o Egito, por representar em forma humana a figura de Noé, considerado um profeta pelos muçulmanos, Crowe diz se sentir entristecido. "Acho que o filme não desrespeita as escrituras. O roteiro não se baseia apenas no Antigo Testamento, mas também em textos apócrifos, em pesquisas e estudos realizados tanto por teólogos, quanto por arqueólogos e historiadores. Creio que esses países vão perder a oportunidade de discutir uma história que tem enorme ressonância nos dias atuais."

Crowe afirmou que ter participado do filme não mudou a sua percepção do que seja fé ou suas crenças religiosas, embora, na entrevista tenha preferido se abster de falar sobre o assunto religião de um ponto de vista pessoal. "Algumas perguntas merecem respostas curtas e diretas. Essa é uma delas."

O ator, que é naturalizado australiano, afirmou que muitas das questões ambientais abordadas pelo roteiro, coassinado pelo também diretor do longa, Darren Aronofsky, são muito caras ao cineasta, um apaixonado por animais e pela ecologia. "Talvez por isso que todos os bichos que aparecem no filme sejam criados digitalmente. Darren não queria ter de submeter qualquer animal ao sacrifício de ficar horas, senão dias, à disposição da equipe durante as filmagens. Eu fiquei meio frustrado, porque adoro animais, tenho uma relação muito forte com eles desde muito cedo na minha vida", brincou.

Diretor

Conhecido tanto por seu talento dramático quanto por seu temperamento intempestivo, Crowe revelou que, após dirigir seu primeiro longa-metragem, The Water Diviner, cujas filmagens foram concluídas recentemente, afirmou que preferiria, se possível, apenas atuar em seus próprios projetos a partir de agora. "Acho que fiz um bom trabalho, tirei o melhor dos meus atores, consegui me manter dentro dos prazos, não extrapolei o orçamento que tinha, e tirei um enorme prazer da experiência. Se me deixarem, repetirei."

The Water Diviner conta a história de um fazendeiro australiano, vivido por Cro­­we, que após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, vai à Turquia, em busca de seus três filhos, que participaram da Batalha de Gallipoli (1915). "Se o filme se pagar, e alcançar algum sucesso comercial, vou poder fazer outros. Acho que encontrei a minha vocação, que é dirigir, além de atuar."

Rio de Janeiro

Na última sexta-feira, nas horas que antecederam a entrevista coletiva, Crowe se arriscou a fazer, de bicicleta, um percurso de 16 quilômetros pela orla e depois nas ruas internas do Rio de Janeiro, que disse ser uma linda cidade, antes de subir o Morro do Corcovado, para ver o Cristo Redentor. "Acho que foi uma má decisão. Não imaginava que o trânsito da cidade fosse tão caótico. Vocês vão ter de resolver isso até a Copa [ou a Olimpíada], senão vai ter gente esperando horas para chegar até lá", disse Crowe, que também queixou-se das mais de duas horas que levou, na sexta-feira, para ir do seu hotel, em Ipanema, até o Aeroporto do Galeão, de onde partiu do Brasil em um jato particular.

O jornalista viajou a convite da Paramount.

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