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O escritor americano Norman Mailer, morreu na manhã de sábado (10). Ele estava com 84 anos, e foi vítima de falência dos rins, no hospital Monte Sinai, em Nova Iorque. Ligado à contracultura, autor de 11 romances e vários ensaios e peças de teatro, Mailer foi um dos intelectuais mais famosos dos EUA nas últimas décadas.

Mailer foi provavelmente o mais famoso da geração de escritores que surgiram depois da Segunda Guerra Mundial. Em mais de 40 livros e vários ensaios, Mailer provocou e enfureceu leitores com sua crítica aguda da vida política americana e às guerras no Vietnã e no Iraque. Foi co-fundador da revista alternativa nova-iorquina "Village Voice" e também um dos pais do "novo jornalismo", que ajudou a divulgar a partir dos anos 60 com artigos em dezenas de jornais e revistas.

Em 1948, causou sensação com "Os nus e os mortos", baseado em sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial, mas suas duas obras seguintes, "Barbary Shore" (1951) e "Parque dos cervos" (1955), foram consideradas fracassos.

O restante de sua carreira seria cheia de êxitos, que o fizeram ganhar o Prêmio Pulitzer duas vezes e, em uma ocasião, o Prêmio Nacional do Livro, entre outros.

Mailer escreveu como viveu. Casou-se seis vezes e apunhalou sua segunda esposa, Adele Morales, durante uma festa. Ela não apresentou queixa contra ele e se recuperou totalmente. Mailer bebia e recorria às casas de jogos de Nova York.

Em "Um sonho americano" (1966) refletiu essa vida através da lente de um personagem semi-autobiográfico que cai em um mundo de violência e sexo. Seu livro de 1971, "O prisioneiro do sexo", fez dele um pária do movimento feminista.

Mailer não se limitou à literatura e entrou no âmbito do jornalismo, com um estilo pessoal. Ganhou seu primeiro Pulitzer com "Os exércitos da noite", em 1968, sobre uma manifestação pacifista no Pentágono do ano anterior.

Seu segundo Pulitzter chegou onze anos depois, com "A canção do carrasco", sobre a execução do condenado Gary Gilmore.

Nesse intervalo, escreveu outros trabalhos de jornalismo, como "Miami e o cerco de Chicago" (1969) e "A Fire on the Moon" (1971). Em 1968, recebeu o Prêmio George Polk por seu trabalho na revista "Harper's", de esquerda.

Nessa época também dirigiu alguns filmes experimentais que passaram sem pena nem glória.

Foi preso em algumas ocasiões por sua participação em protestos contra a guerra do Vietnã, e em 1969 se apresentou nas eleições primárias do partido democrata para a Prefeitura de Nova York com a proposta de que a cidade se transformasse no estado de número 51 da União. Ele também fez campanha para obter liberdade condicional para um condenado talentoso, Jack Henry Abbott - um tiro que saiu pela culatra quando Abbott matou um homem pouco tempo depois de ser libertado.

Em 1997 publicou seu último romance, "The castle in the forest".

Em português, Mailer teve traduzido vários livros, entre eles "Os nus e os mortos", sua primeira obra de sucesso; "A Canção do Carrasco", "O Evangelho Segundo o Filho", "O Parque dos Veados", "Um Sonho Americano" e "Os duros não dançam", entre outros títulos.

Norman Kingsley Mailer nasceu em 31 de janeiro de 1923, em Long Branch, no estado de New Jersey, e cresceu no Brooklyn, em Nova York. Ele descrevia sua família - seu pai era um contador e sua amorosa mãe era auxiliar de uma empresa de transportes - como um "típica família judia de classe média".

Mailer havia sido hospitalizado, em outubro, devido a problemas sérios de saúde, incluindo dificuldades respiratórias. Chegou a ser submetido a uma cirurgia de pulmão no mês passado.

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