Confira a programação do Festival de Curitiba
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No mesmo Teatro Paiol, há dois anos, os mineiros da Cia. Luna Lunera arrebataram público e crítica. Traziam uma montagem não apenas sensível, mas livre de preconceitos, do conto "Aqueles Dois", de Caio Fernando Abreu. Cláudio Dias atuava. Hoje, o ator dirige seus conterrâneos da Cia. Preqária em Nosso Estranho Amor, uma adaptação da peça Primeiro Amor, de Samuel Beckett, apresentada segunda e terça-feira pela Mostra Contemporânea.
Seria injusto comparar os dois espetáculos, mas não se pode evitar de dizer que falta ao novo trabalho a maturidade de outros trabalhos que projetaram grupos de seu estado em edições passadas do festival.
Nosso Estranho Amor persegue a delicadeza para tratar da relação entre um homem e uma mulher. Às vezes a encontra: em algumas cenas em que a canção romântica de Caetano Veloso substitui o diálogo na boca da atriz Fabiana Loyola; também nas trocas de olhares entre ela e João Valadares (ator e autor). E, sobretudo, na solução encontrada para as cenas de sexo: uma coreografia de movimentos que obedecem a atração da pele de um e outro, ao som de violão e violino ao vivo. Também na transformação do guarda-roupa, um dos poucos elementos do cenário, em um espaço absurdo e poético como o texto a maior parte do tempo não consegue ser.
Por mais que as imagens criadas pela variação de posições da atriz Fabiana Loyola contra uma porta sugeriram com força metafórica sua profissão, ela a revelará com todas as letras ao homem, quebrando a poesia visual. Tem-se, através das palavras, uma história comum de encontro, encantamento e desencanto.
Pode-se pensar que a peça estaria mais bem situada no Fringe, onde a cobrança é mais amena. Era o planejado de início: que estivesse entre as escolhas de Chico Pelúcio para o Teatro Novelas Curitibanas. A promoção à mostra oficial nem sempre é vantajosa. GGG
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