Nostalgia e irreverência

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Há cerca de três anos, acompanhando uma tendência nacional, surgia em Curitiba a primeira formação dedicada a resgatar canções que marcaram a época em que usar saias balonê, calças baggy e spenceres com ombreiras era sinônimo de ser elegante. Tocando "clássicos" da década retrasada como "Meu Ursinho Blau-Blau" (Absyntho), "Like a Virgin" (Madonna), "Manequim" (Dominó), "Amante Profissional" (Herva Doce)", "Beat It" (Michael Jackson) e até o tema da primeira edição do festival Rock in Rio, a banda Denorex 80 (batizada em homenagem ao xampu anti-caspa mais famoso daquela década, cujo slogan publicitário consistia no jargão "Aquele que parece, mas não é") protagonizou o chamado revival dos anos 80 na capital paranaense, angariando uma legião de fãs sedentos por abrir as gavetas da memória e deixar fluir as lembranças do tempo em que eram crianças ou adolescentes.

Formada em tom de brincadeira pelos músicos Zé Loureiro (bateria), Gilson Fukushima (guitarra), Sergio Justen (teclados), Jorge Fálcon (baixo) e os vocalistas Alexandre Nero, Maurício Vogue, Rosana Stavis e Jana Mundana – os três últimos conhecidos atores na cena teatral local –, a banda acabou virando algo mais sério do que imaginavam seus integrantes. Mesmo com a inevitável diminuição de festas temáticas e eventos dedicados aos anos 80 – a tendência agora parece ser resgatar as décadas de 1970 e 1990 –, o Denorex permaneceu firme e forte, trazendo nomes como Evandro Mesquita, Léo Jaime, Rosana, Afonso Nigro e Biafra para apresentações conjuntas. A seriedade é tanta que, com dinheiro do próprio bolso, a banda acaba de gravar seu primeiro CD, que será lançado em um show especial hoje à noite, no Victoria Hall. "Tínhamos necessidade de um material de qualidade para tentar levar a banda para fora, para apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro. Nossa idéia inicial era gravar um DVD, pois sabemos que o aspecto visual do nosso show supera o áudio, mas seria muito caro. Então resolvemos gravar um CD, totalmente independente", conta o vocalista Maurício Vogue.

O álbum conta com 29 faixas, divididas entre as canções mais pedidas pelo público durante as apresentações do grupo (leia mais no quadro ao lado), três composições próprias e inéditas e esquetes humorísticos. Inerente à "comissão de frente" do grupo, formada pelos quatro vocalistas, o ingrediente humorístico foi, aos poucos, sendo integrado à performance da banda, que abusa de piadas de conteúdo sexual – da capa do disco, estampada com a foto de uma boneca inflável; ao site da banda, em que o internauta tem de "interagir" com um personagem em formato de pênis para que a página exiba seu conteúdo. "Acho que isso tem a ver com o espírito da época. Havia um clima de liberação sexual muito grande, que foi reprimido com o surgimento da aids, na metade na década. Além disso, as piadas e performances relativas a sexo que incluímos nos shows são as que mais fazem o público curitibano dar risada. Parece até meio incoerente, mas acredito que é aquela coisa de curitibano que vive escondido no sótão e que precisa de algo para se soltar", analisa Vogue.

Serviço: Show de lançamento do CD da banda Denorex 80. Victoria Hall (Av. Victor Ferreira do Amaral, 2.291). Hoje, às 23 horas. Ingressos antecipados a R$ 20, à venda nas lojas Prata e Arte (Rua XV de Novembro e shoppings Mueller e Curitiba). Mais informações pelo telefone (41) 3365-5050.