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Periódico Revista Ponto —Edição 7 SESI-SP Editora, 92 págs. Gratuita. Literatura.

Lançada em agosto de 2012, a Revista Ponto chega a sua nova edição com um recorte expressivo da riqueza e diversidade das manifestações culturais brasileiras.

Editado pelo SESI-SP, o periódico, geralmente trimestral, traz uma boa entrevista com o cartunista Luiz Gê, um conto excelente de Bernardo Ajzenberg e uma reflexão de Arnaldo Niskier, "imortal" da Academia Brasileira de Letras (ABL) sobre os caminhos atuais de leitura e interpretação. A matéria de capa – e de fôlego –, assinada por Marco Haurélio, situa o legado de Ariano Suassuna, a literatura de cordel (que Suassuna chamava de Romanceiro Popular) e a construção de seus arquétipos.

Preste atenção: Uma das marcas da publicação é o seu despojamento no tratamento de temas complexos. Para falar do Nobel de Literatura italiano Dario Fo, a revista se chicoteia em ironia: "Era ninguém menos que o próprio laureado a indagar, com um sorriso maroto, se a academia sueca havia perdido o juízo ao premiar um bufão, desencadeando uma crise no Vaticano e levando à escassez de calmantes na Itália". Uma leitura densa e de amplo acesso. (DZ)

Livro Detetives do Sobrenatural – Contos Fantásticos de Mistério Vários autores. Organização de Bráulio Tavares. Ilustrações de Romero Cavalcanti. Casa da Palavra, 256 págs., R$ 39. Contos.

Doze contos de escritores de gerações diferentes com um tema em comum: histórias de detetive em que se procura o que existe de mistério e violência no conflito da razão e do sobrenatural. Organizado pelo escritor e roteirista Bráulio Tavares, um dos principais autores da literatura fantástica brasileira, a escolha dos contos parte da questão irrespondível: como um investigador de gabardine e charuto (ou que fuma cachimbo e toca violino) conseguirá desarmar o oculto, "o que-não-existe".

A escolhas de Tavares abrangem desde a época de Sherlock Holmes até os cyberpunks contemporâneos que agem na zona morta ente a ciência e a magia. Destaque para "A Coisa no Telhado", do trágico autor Robert E. Howard (1906-1936) criador do personagem Conan, o Bárbaro e também para o conto "O Da Vinci Desaparecido", de J. G. Ballard (1930-2009), assim como "Um Estudo em Esmeralda", de Neil Gailman.

Preste atenção: A mistura entre rituais mágicos, instrumentos tecnológicos, revelações e maldições e deduções cartesianas que unem os textos é coroada pelas ilustrações do artista paraibano Romero Cavalcanti. (SM)

Blog Defenestrando www.defenestrando.com

Um blog de quase dez anos transformou-se, recentemente, num portal de notícias, reportagens, ensaios e outras "aventuras" culturais. O Defenestrando, pilotado pelo jornalista Felipe Gollnick, transformou-se numa boa saída para quem quer acompanhar o que anda acontecendo na música de Curitiba (e do mundo, por que não?) de maneira elegante e bem-humorada.

Pois veja: no ar, está uma resenha esperta de Crucificados pelo Sistema Bruto, novo disco do Charme Chulo; uma entrevista com Vitor Araújo, pianista "polêmico" que se apresentou no Teatro do Paiol na última sexta-feira; e textos "clássicos" do Defenestrando, como uma reportagem quente sobre o pré-carnaval curitibano, e um ensaio de elevado índice alcoólico sobre o "Rock’n’Rollo" – aquele evento maluco em que sujeitos pedalam uma bike fixa até a distância de 666 metros. Mas não é só Curitiba. Lá também estão resenhas e textos sobre Weezer, Panda Bear e Haerts. Muita música, enfim.

Fique atento: O Defenes­trando tem um bom gosto intrínseco e peculiar. É mais informação, reflexão (e ideias) do que aquele entretenimento efêmero. Isso implica em textos mais longos, por exemplo. Mas dê uma passadinha, vale a pena. (CC)

CD Burnt Offering The Budos Band. Daptone Records. Disponível para streaming no Spotify. Versão digital a US$ 9,99 (no iTunes).

Burnt Offering é o quarto disco da banda instrumental americana de afro-beat – ou "afro-soul", como prefere se definir. Na linha de grupos como o também nova-iorquino Antibalas, o Budos Band – formado por nove integrantes que se dividem em sax barítono, guitarra, órgão, contrabaixo, trompete, bateria e percussões – traz grooves venenosos inspirados por ritmos de países como a Etiópia, misturados a sonoridades e elementos da música americana dos anos 1960 e 1970, como o jazz, o funk e o soul. O resultado é um som pesado e dançante, com linhas melódicas atacadas com intensidade pelos metais em composições cheias de boas sacadas musicais e timbres interessantes, bastante voltados para sonoridades retrôs.

Preste atenção: na habilidade do grupo em criar levadas irresistíveis como em "The Sticks", ao mesmo tempo em que é capaz de soar como uma banda de rock em "Aphasia" e "Magus Mountain" e de criar melodias e paisagens mais introspectivas como em "Black Hills" e "Trail of Tears". (RRC)

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