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ESTRÉIA

Novelas curitibanas

Peça de Marcos Damaceno é um encontro com o público para discutir as relações sociais

Coluna de poeira pode ser vista claramente sobre a superfício do planeta | Divulgação/Nasa
Coluna de poeira pode ser vista claramente sobre a superfício do planeta (Foto: Divulgação/Nasa)

Durante 20 anos, um homem permanece sentado na poltrona de uma velha casa de madeira, numa cidade fria e úmida. Mesmo com o efeito estufa que vem afligindo o planeta, não é difícil perceber de qual frieza e de que cidade se está falando.

Curitiba – e seus habitantes de hábitos bem peculiares – são os principais responsáveis pelo enclausuramento voluntário do personagem em questão. Mesmo pouco afeito ao relacionamento social, ele vai dividir suas histórias, memórias e fantasias com o público que for ao seu encontro.

Sim, um encontro é como o autor e diretor Marcos Damaceno prefere chamar cada apresentação de seu espetáculo Sobre Tempos Fechados, que abre temporada amanhã à noite, no Teatro Novelas Curitibanas – o primeiro de um quarteto de estréias previstas para ocupar o espaço em 2007.

A própria disposição do teatro – as cadeiras formam um círculo, com o palco dividido ao meio – propicia que a peça de personalidade intimista pensada por Damaceno se realize como uma reunião entre amigos. Bem ao estilo de uma lembrança de infância que o artista transformou em objetivo.

Histórias do tio

Ao passar as férias com a família no sítio do tio, em uma casinha de pau-a-pique, sem luz elétrica ou água encanada, não havia muito o que fazer à noite. Para distrair os visitantes, o dono da casa improvisava uma sessão de contação de histórias, à luz do lampião, em que se revelava um verdadeiro ator. "Ele não só narrava, como se levantava para mostrar os gestos dos personagens. A relação entre ele e a gente era forte, havia uma cumplicidade dificilmente encontrada no teatro hoje", diz.

Crescido, Damaceno decidiu que, como artista, faria reviver aquela experiência. Só poderia ter escolhido o teatro para manusear as palavras, das quais se diz apaixonado. Afinal, ao deixarem o papel e serem proferidas pelo ator, elas ganham vida como as histórias contadas pelo tio.

Sobre Tempos Fechados é fruto de uma pesquisa intensa com a palavra feita já algum tempo pela Marcos Damaceno Companhia de Teatro. "Há teatros e teatros. Existe aquele que te pega pelos olhos e ouvidos, de grande impacto visual e auditivo, e aquele em que se pode sentir a respiração do ator".

Neste último, encaixa-se a montagem, feita sob encomenda para ser apresentada no espaço da Fundação Cultural de Curitiba. À exigência de que a peça tivesse a ver com a cidade, o diretor somou o fato de organizá-la no formato de pequenas novelas – as "Novelas Curitibanas", como o próprio nome do teatro – narradas por três personagens: o homem solitário (Luiz Carlos Pazello), que fala da infância feliz e da desilusão com as relações sociais da fase adulta, a mãe acolhedora e ao mesmo tempo opressora (Rosana Stavis) e a mulher amada (Ludmila Nascarella). A música foi composta especialmente para o espetáculo e é tocada ao vivo por Edith de Camargo e Marcelo Torrone.

Serviço: Sobre Tempos Fechados. Teatro Novelas Curitibanas (R. Carlos Cavalcanti, 1.222), (41) 3321-3358. De quarta a sábado, às 21 horas, e domingo, às 20 horas. Com a Marcos Damaceno Companhia de Teatro. Até 18 de abril.

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