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CD

Aftershock

Motörhead.Warner Music. R$ 34,90. Heavy Metal.

Ouvir um disco do Motörhead é como visitar um velho amigo de escola: você sabe o que vai encontrar, mas, ao mesmo tempo, fica feliz por ele não ter mudado em nada apesar do correr dos anos. É essa a sensação que o ouvinte acostumado ao som do power trio inglês encontrará ao desvendar Aftershock, 21.º trabalho de estúdio da banda, que chega às lojas do Brasil neste mês.

Se o fã de longa data terá um agradável reencontro com o som ríspido, direto e acelerado do grupo capitaneado por Lemmy Kilmister (baixo e vocal), Mikkey Dee (bateria) e Phil Campbell (guitarra), o não iniciado nos domínios do Motörhead poderá saber de onde boa parte das bandas mais agressivas do heavy metal buscou inspiração. Dos superastros do Metallica aos brasileiros do Sepultura, do black metal soturno das bandas escandinavas ao new metal raivoso do Slipknot, todos os artistas que apostam em vocais ásperos, bateria nervosa e doses apenas homeopáticas de melodia foram influenciados por Lemmy e companhia.

Aftershock rompe um hiato de três anos sem um álbum de inéditas, o intervalo mais longo da banda desde 1991, apresentando o Motörhead em sua melhor forma. São 14 faixas em pouco mais de 46 minutos – apenas duas músicas chegam aos quatro minutos e meio de duração.

Há velocidade de sobra na faixa de abertura, "Heartbreaker", assim como em "Queen of the Damned" e em "Paralyzed", que encerra o disco com a mesma urgência. "Crying Shame" e "Knife" trazem um andamento moderado e pesado, ajudando a dar mais variedade e dinâmica ao álbum. Esta última faixa, aliás, exibe um dos melhores riffs criados por Campbell nos últimos anos, enquanto "Silence When You Speak" tem partes de guitarra que lembram uma versão mais crua de "Man in the Box", do Alice in Chains. Já "Dust and Glass" e "Lost Woman Blues" são, como o nome sugere, dois blues sujos, exemplos de que o Motörhead pode ter um lado mais melódico, ainda que cáustico.

Mais do que uma bela amostra das credenciais que fizeram do Motörhead um ícone do rock pesado, o novo álbum representa também uma vitória pessoal de Lemmy. Em agosto, quando Aftershock estava sendo finalizado, o lendário frontman teve de encerrar um show em um festival diante de 85 mil fãs na Alemanha, depois de apenas seis músicas, por conta de um mal-estar até hoje não bem esclarecido. A banda é evasiva ao tratar o assunto, o que só alimenta comentários de que o vocalista esteja com uma doença grave. Afinal, com um estilo de vida regado a álcool e cigarros, não é de estranhar que o roqueiro de 67 anos tenha a saúde fragilizada.

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