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Os filmes adoram prometer às garotas o famoso "viveram felizes para sempre", mas é raro ver um filme cujo final faça você se sentir pura e não condescendente, que não faça você querer recorrer a autoras feministas. O filme "Encantada", um conto de fadas revisionista surpreendentemente encantador da -- quem diria -- Walt Disney Pictures, não repete, em essência, todo aquele clichê insosso sobre garotas de diferentes épocas e seus sonhos.

Com um resultado agradável, o filme trabalha a magia sobretudo em paródia ironizando, às vezes com uma piscada, às vezes com um forte cutucão, alguns dos próprios estereótipos que por tanto tempo foram os ativos mais valiosos da empresa. Trata-se de uma nova versão suavemente herética, caracterizada por um roteiro que vacila apenas no conflito, com uma direção energética, porém um tanto acanhada, e um elenco de peso liderado pela magnífica Amy Adams.

No papel de Giselle, uma princesa de um lugar muito distante que cai na Terra (ou pior, em Times Square), Adams revela-se como uma presença irresistível de se olhar na tela e uma comediante com a expressão corporal na medida certa, com uma interpretação gestual e um registro emocional que faz lembrar a genialidade excêntrica de Carole Lombard e Lucille Ball.

Adams não se limita a dar vida à sua personagem de animação: ela preenche o rosto pálido de Giselle com rubor e sentimento, transformando um recurso estético belo em uma mistura reconhecível e cativante da figura humana expressa em emoção e crinolina.

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