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Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da ONU para Mianmar | Reprodução/Unesco
Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da ONU para Mianmar| Foto: Reprodução/Unesco

Nova Iorque – O maior destaque da programação do New York Film Festival, no último fim de semana, foi Les Amours d’Astrée et Céladon, novo filme do veterano cineasta francês Eric Rohmer, diretor dos dilemas e das ambigüidades O longa, como de hábito na mostra nova-iorquina, foi mais uma vez recebido com muitos aplausos.

Trata-se da adaptação de um clássico da literatura francesa escrito por Honoré d’ Urfe no começo do século 17. Numa linha de fábula, a história ambientada no século 5 segue dois amantes que se separam e acabam se reencontrando depois de muitas situações ambíguas.

Entre tantos outros aspectos, a ambigüidade é um dos elementos do estilo do diretor e logo o espectador vai chegar à conclusão de que Les Amours... não é um filme diferente de Rohmer. É uma história de amor com muitos desencontros, mas, ao mesmo tempo, é mais um convite à reflexão, levantado pelo cultuado diretor e sua inconfundível assinatura.

O alvo principal de sua obra parece estar sempre na moral da história, como numa fábula grega. Suas tramas trazem personagens que poderiam ser qualquer um de nós vivendo uma daquelas situações. Como é igualmente típico dos filmes de Rohmer, Les Amours... também é focado muito mais na complexidade das relações entre as pessoas e nos seus dilemas do que propriamente na história pura e simples.

As ações e sentimentos quase comuns do dia-a-dia parecem ser o pano de fundo de seus filmes: os personagens conversam, amam, discordam, sofrem as suas derrotas ou comemoram as suas vitórias de uma forma contida, natural e, sobretudo, civilizada .

Mas, como também é comum em seus filmes, são incluídas discussões filosóficas sobre a religião, o significado da vida, e a existência ou não da alma e sua eternidade.

Nos dias de hoje, com a infantilização desenfreada de alguns cinemas e a estética da banalização da violência, assistir a um filme como Les Amours.., é um sopro de frescor.

Rohmer, que está com 87 anos, tem evitado viagens e não veio a Nova Iorque acompanhar seu 27.º longa-metragem, frustrando jornalistas e fãs que esperavam poder conversar com ele após a projeção do filme.

Para a sessão em Veneza, no mês passado, onde Les Amours d’ Astrée et Céladon foi lançado, Rohmer enviou uma mensagem na qual dizia: "Meu precário estado de saúde me impede de estar com vocês para acompanhar Astrée e Céladon, levados a Veneza pelo vento que eu gosto tanto de filmar, e que talvez sintam passar pela laguna". Mais Rohmer, impossível.

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