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Para comemorar 50 anos de vida e 30 de carreira, 12 músicas inéditas com parceiros de todas as vertentes | Ana Brignol
Para comemorar 50 anos de vida e 30 de carreira, 12 músicas inéditas com parceiros de todas as vertentes| Foto: Ana Brignol

Para comemorar bodas na música, é comum que artistas lancem coletâneas e álbuns remasterizados que requentam canções já consagradas de seu repertório. Pois Moacyr Luz foi na direção oposta. Ao completar 50 anos de vida e 30 de carreira, o carioca ressurge com Batucando (Biscoito Fino), disco de 12 faixas inéditas.

"Poderia ter realizado um inventário de carreira, mas fiz exatamente o contrário", explica o sambista, que não gravava faixas inéditas há seis anos. Em Batucando, Luz foi um anfitrião dos melhores. Convidou Alcione, Beth Carvalho, Ivan Lins, Mart’nália, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Luiz Melodia, Tantinho da Mangueira, Sereno e Wilson das Neves – além de Aldir Blanc, eterno parceiro –, para uma verdadeira festa, regada à sambas puros e bem arranjados.

"Minhas músicas são muito cotidianas. Há cidades, expressões, ruas e personagens. Com esse disco, queria mostrar esse leque", explicou o agora cinquentenário carioca, que tem quatro vezes mais músicas compostas do que anos vividos.

Batucando é o primeiro disco de músicas inéditas desde Samba da Cidade (2003). E, em seu novo trabalho, Moacyr Luz conseguiu ressaltar ainda mais sua essência musical – marcada pelo cuidado com as melodias e letras – ao incorporar outras vertentes do samba.

"Foi uma experiência nova e boa. O ‘samba lá do fundo’, que respeito muito, encontrou outros estilos. Mexeu com minha estrutura", disse Luz, que, na nova obra, também exercitou seu lado letrista. Nos três sambas em parceria com Sereno – integrante do grupo Fundo do Quintal –, o sambista assina cada palavra.

"É uma outra leitura, não é? Ano passado lancei mais um livro, que fala sobre botequins. Então eu sempre tive a palavra. O violão funcionou só como ponta-de-lança", metaforizou o músico.

Alguns dos encontros foram inéditos. Outros, realização de desejo. "Vida da Minha Vida", parceria com Sereno, abre o CD e une as vozes de Moacyr Luz e Zeca Pagodinho. "Essa música é muito pessoal e foi a primeira vez que cantei com o Zeca, por quem tenho admiração enorme", disse Luz. Outras parcerias com Sereno são "A Natureza Chora" e "Beleza em Diamante", em que divide as vozes com Mart’nália, "a minha deusa, sempre".

Com Alcione, na faixa "Meu Nego", foi tudo muito rápido. Luz passou a música para a cantora e, minutos depois, ela ligou já cantando, "cheia de malandragem".

Sirenes

A história de um dos compositores mais prolíferos da música brasileira atual começa na banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Lá, nos 1960, o clarinete de seu avô soava promissor. Aos 15 anos, Luz perdeu o pai e encontrou no violão uma forma produtiva de afastar a dor latente.

O violonista Hélio Delmiro foi seu primeiro companheiro de cordas, e já em 1979 gravou "Eu Me Descubro", com Lana Bittencourt. O próximo passo seria fundamental para alavancar a carreira de compositor: o momento em que a letra de Aldir Blanc encontrou o violão de Moacyr Luz.

A parceria começou em 1984, com a composição de "A Tua Sombra". Anos depois, "Mico Preto" virou tema da novela homônima na voz de Gilberto Gil. Outras composições da dupla fizeram sucesso nas vozes de Fafá de Belém, Maria Bethânia, Leila Pinheiro e Emílio Santiago.

Hoje, Luz tenta renovar-se para não completar a frase "Estou ficando...", que saiu aos solavancos. Procura novos e bons parceiros para seu samba bem feito. "É um sintoma da idade. Vamos ficando um pouco mais chatos para compor, mais exigentes em relação àquele tempo em que fazemos várias coisas ao mesmo tempo. Estou meio sintomático com todo mundo", definiu-se. GGG1/2

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