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A vida de Jean Toots Thielemans daria um filme, até dois, dependendo da duração. Nascido na Bélgica, em 1922, o artista, considerado uma das maiores lendas vivas do jazz, sempre esteve envolvido com música. Aos 3 anos, já tocava acordeão. Seu primeiro violão foi ganho numa aposta com amigos, ainda em Bruxelas. E o caso amoroso com a harmônica, instrumento que o conduziu ao panteão dos grandes do século 20, começou como um mero passatempo, para mais tarde transformar-se em ganha-pão. À essa época, já era fã do mítico violonista Django Reinhardt e do mestre de saxofone Charlie Parker.

Octagenário, Thielemans não dá sinais de cansaço. Muito pelo contrário. O homem que tocou com Benny Goodman e com Parker, seu ídolo maior, acaba de lançar um belo CD pelo selo Verve, um dos mais prestigiados do jazz. One More for the Road é todo dedicado a composições de Harold Arlen, nome de proa da chamada grande canção norte-americana. Cidadão dos Estados Unidos desde a década de 50, quando emigrou de uma Europa que se reconstruía nos pós-Guerra, Thielemans conhece bem o assunto.

Para dar uma roupagem mais contemporânea ao disco, o músico procurou convocar um time de vocalistas jovens com forte apelo junto à nova geração de admiradores de jazz. A faixa de abertura do álbum, o clássico "Come Rain or Come Shine" (parceria com o célebre letrista Johnny Mercer) fica por conta da excelente Lizz Wright, estrela ascendente no mercado fonográfico. Em seguida, vem "Between the Devil and the Deep Blue Sea", interpretada por Madeleine Peyroux, que, ao lado de Norah Jones, é uma das mais populares entre as novas vozes do gênero. Para quem não lembra, Madeleine esteve em Curitiba no fim do ano passado, apresentando-se no Embratel Convention Center.

Outro jovem intérprete que marca presença no CD é Jamie Callum, britânico com cara de menino (e namorado de uma curitibana) que vende milhões de cópias ao redor do mundo. Coube a ele a honra de gravar a faixa que dá título ao disco, "One for My Baby (and One More for the Road)", outra parceria com Johnny Mercer.

Ao longo das 12 músicas incluídas em One More for the Road, dois aspectos ficam patentes. O primeiro – e mais óbvio – é o virtuosismo técnico de Thielemans, mais evidente em faixas sem vocais, como "Ill Wind", "That Old Magic" e na mitológica "Over the Rainbow". O outro ponto que vale ser discutido é a crescente popularidade do jazz entre o público mais jovem.

Apesar de muitos puristas torcerem o nariz para o que afirmam ser uma certa banalização do jazz, não há como não festejar a boa fase pela qual o gênero atravessa. Graças ao sucesso de astros como Norah Jones, Madeleine Peyroux, Michael Bublé, Jamie Cullum e da adolescente Renee Olstead, toda uma nova geração de ouvintes tem a oportunidade de descobrir a beleza de um estilo musical que se reinventa e se reafirma. E Thielmans percebeu isso. GGGG

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