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A releitura funcionou. O ano não é 1987, estreia da peça, mas 2010. E agora os vértices do triângulo – escaleno? – são compostos por duas mulheres e um homem. Mas a discussão central de A Loba de Ray-ban continua forte e, se tomarmos como referência as revoluções sexuais e culturais advindas nas últimas décadas, a peça, apresentada pela última vez ontem, no Teatro Positivo, é ainda mais atual.

O texto de Renato Borghi, atualizado em algumas passagens, cai como uma luva para Christiane Torloni (Julia Ferrez), a protagonista. Ela enche o palco. Com gestos de bailarina e vozeirão de mulher que não ignora seus 53 anos, a personagem vive seu triângulo amoroso com Fernanda Porto (Maria Maya, em ótima atuação) e Paulo Prado (Leonardo Franco, assim como Christiane, também integrante da montagem original).

A notável densidade do texto é amenizada por um palco repleto de possibilidades interativas – uma rampa móvel, uma grande rede de malha e um andaime de metal. O espectador então entra facilmente na trama proposta que revela, além dos trâmites amorosos, a relação de um grupo teatral vista dos bastidores.

Com a utilização não-exagerada do recurso de quebrar a chamada quarta parede – fazer com que a ficção seja compartilhada pela plateia –, o trio desembrulha, em uma hora e meia, as idas e vindas do amor e suas inevitáveis consequências. O fato de serem duas mulheres e um homem parece ser um mero detalhe. GGGG

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