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Martha Medeiros diz acreditar em amores "equilibrados, prazerosos, leves": "Podem não gerar romances de ficção, mas são os melhores para se viver", afirma | Cicero Rodrigues/Divulgação
Martha Medeiros diz acreditar em amores "equilibrados, prazerosos, leves": "Podem não gerar romances de ficção, mas são os melhores para se viver", afirma| Foto: Cicero Rodrigues/Divulgação

Os primeiros escritos que dariam origem ao romance Fora de Mim apareceram três anos atrás, quando Martha Medeiros enfrentou um rompimento amoroso. "Comecei a colocar no papel as minhas inquietações em relação ao assunto. Não sabia se aquilo viraria um livro ou se era apenas uma catarse pessoal e íntima".

Ela e o namorado acabaram reatando, mas a experiência rendeu um romance que já aparece nas listas de mais vendidos. O fato não surpreende, pois Martha tem um público grande que a acompanha para onde for e os seus 18 livros, entre crônicas, romances e poemas, venderam juntos mais de 400 mil exemplares, uma marca incrível para o mercado brasileiro.

A gaúcha Martha, colunista dos jornais O Globo e Zero Hora, tem uma narrativa intensa e fluente, características que a edição de Fora de Mim conseguiu explorar bem – usando letras grandes no parágrafo de abertura, que parece sugar você para dentro da história. A narrativa em primeira pessoa abre comparando o fim de um relacionamento com a queda de uma aeronave: "Nunca sofri um acidente de avião, mas já ouvi relatos de sobreviventes. Eles perceberam a perda de altitude, a potência enfraquecida das turbinas, o desastre iminente, até que acontece a parada definitiva da aeronave e ouve-se um barulho fora do normal, algo verdadeiramente assustador".

Formado por três partes – que se passam pouco depois do rompimento, no início da relação e quatro anos depois do fim –, Fora de Mim trata de amor num cenário bastante atual, com a narradora se questionando, por exemplo, se deve ou não colocar o nome do ex na agenda de um celular novo. Hoje, no embate entre o amor real e o virtual, Martha acredita que o primeiro "segue soberano".

"Creio que as pessoas seguem desejando um relacionamento intenso e profundo, mas ao mesmo tempo têm medo do envolvimento, pelo seu custo emocional. Então adotam as redes sociais para exercitarem o flerte sem maiores consequências", diz, em entrevista por e-mail.

Ao tratar de uma relação que vive um momento de turbulência (na verdade, é a pane total), o livro argumenta que o amor não é um porto tranquilo. "Os amores não costumam ser fáceis, já que há sempre dois seres humanos distintos tentando se entender, e isso gera conflitos – até aí, normal. Mas não precisam ser tsunâmicos, desesperadores. Uma relação bipolar, onde a paz não consegue ser mantida por mais de 20 minutos, é muito desgastante. As pessoas têm uma visão romantizada dessas relações perturbadas, desse vai-e-volta constante", diz. "Quis mostrar o quanto essa desestabilização corrói a saúde mental, emocional e até física".

"Acredito muito em amores equilibrados, prazerosos, leves. Podem não gerar romances de ficção, mas são os melhores para se viver", afirma a escritora, que ouve dos leitores frases como: "Já vivi isso. Você contou a minha história".

Sobre que desejos embalam homens e mulheres, Martha diz que não existe verdade universal nas questões amorosas: "A gente pode até dizer por aí que 'fulano não faz o meu tipo' ou 'só me relaciono com ho­­mens assim ou assado', mas, quando se trata de amor e paixão, podemos ser surpreendidos a qualquer momento".

Ela explica que as escolhas são feitas de acordos com os desejos mais emergenciais de cada um, numa equação complicada que envolve liberdade pessoal e necessidade de afeto.

Serviço:

Fora de Mim, de Martha Medeiros. Objetiva, 136 págs., R$ 29,90.

Leia a íntegra da entrevista com Martha Medeiros no blog Livros: www.gazetadopovo.com.br/blog/livros

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