• Carregando...

Acaba de chegar às locadoras a cinebiografia de um dos maiores ícones da cultura pop norte-americana, Johnny Cash. Ou melhor, o mercado de DVDs acaba de receber Johnny e June, a cinebiografia do amor entre Johnny Cash (impecavelmente intrepretado por Joaquin Phoenix) e sua esposa June Carter (vivida por Reese Witherspoon).

A distinção faz-se necessária visto que, apesar de narrar os principais episódios do início da trajetória de Cash – de sua infância numa fazenda de algodão no estado do Arkansas, ao auge de sua carreira na década de 1950, quando entrou para o catálogo da gravadora Sun Records (a mesma de Elvis Presley) –, o filme dirigido por James Mangold (Garota Interrompida) tem sua narrativa totalmente centrada na paixão incendiária entre os dois cantores de country/folk, em detrimento da importância de Cash para a música mundial.

Num formato bastante semelhante ao de Ray – cinebiografia de Ray Charles, lançada no ano passado – Johnny e June narra a difícil infância do cantor, que assim como a de Charles, foi marcada pela morte precoce do irmão e pela culpa que lhe é atribuída pela família. A história é toda contada por meio de flashbacks, rememorados enquanto Cash está prestes a realizar um concerto para os detentos da prisão de Folsom, show que acabou se tornando o álbum mais vendido de 1968.

Mas, se a estrutura narrativa de Johnny e June não foge aos padrões das cinebiografias hollywoodianas, é a performance de Joaquin Phoenix que faz valer à pena a taxa de locação do DVD. Apesar de ter sido premiada com o Oscar de melhor atriz pelo papel, Reese Witherspoon é mera coadjuvante no filme, dominado do começo ao fim pela surpreendente interpretação de Phoenix (indicado ao Oscar pelo trabalho), que literalmente encarna o "homem de preto". Ambos os atores passaram por treinamentos vocais além de aulas de violão e auto-harpa, o que os capacitou para gravar as canções do filme, trabalho dirigido por T-Bone Burnett, também responsável pela trilha de E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, dos irmãos Ethan e Joel Coen.

A atriz se sai bem no papel de June Carter, dona de uma forte presença de palco, de uma simpatia interiorana, mas de uma atitude ousada para a época. Mas o papel de Johnny Cash – o músico escolheu Joaquin Phoenix a dedo para a produção, antes de sua morte, em setembro de 2003 – encaixa perfeitamente à competência do ator, que conseguiu encontrar, além do tom de voz profundo e emocionante de Cash, a medida perfeita para mostrar o lado debochado e mulherengo do músico (na fase pré-June, é claro).

O filme perde a oportunidade de dar o valor merecido ao legado de Cash, ao mostrar a turnê conjunta do músico ao lado de nomes como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Roy Orbinson – os cinco maiores nomes da fase embrionária do rock-n-roll – como um fato secundário à atração entre ele e June. Mesmo assim, enquanto história de amor, Johnny e June, funciona e emociona. GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]