• Carregando...

O título original do filme Almas Reencarnadas, que chega neste mês às locadoras brasileiras é Rinne. Trata-se de uma expressão budista que, em japonês, simboliza reencarna-ção, o retorno de um espírito em outro corpo, para uma nova vida.

Essa idéia é fundamental ao filme, mais um exercício do diretor Takashi Shimizu, um dos responsáveis pela explosão do cinema de terror nipônico. É dele O Grito (The Grudge), produção que já ganhou dois remakes em Hollywood, também assinados pelo cineasta – o segundo deles, inclusive, tem estréia mundial hoje.

Almas Reencarnadas e o O Grito têm bastante em comum: ambos contam histórias bem narradas de horror que envolvem mortes trágicas, violentas e perpetradas no seio da família, detonadas por uma disfunção psicológica da figura paterna. Tanto um quanto o outro também lidam com a questão de o sofrimento acarretado pela brutalidade dos crimes estar profundamente vinculado ao local onde os assassinatos foram cometidos. Em O Grito, o cenário escolhido é uma residência em um pacato bairro de Tóquio. Em Almas Reencarnadas, é um hotel turístico (citação a O Iluminado, de Stanley Kubrick?), situado em uma vila no interior do Japão.

Shimizu narra em Rinne a história da produção de um filme de horror inspirado em um suposto caso real. Em 1970, um professor universitário, antes de se suicidar, mata com requintes de crueldade 11 pessoas, entre hóspedes, funcionários, sua mulher e seus dois filhos.

A trama começa a tomar forma quando Matsumura (Kippei Shiina), o diretor do longa-metragem dentro do filme, escolhe uma atriz jovem e desconhecida para um papel central da produção. A novata é Nagisa Sugiura, personagem que ganha uma interpretação perturbadora da super-expressiva Yuuka, famosa na TV japonesa. Visões e sonhos dos personagens são outro ponto bem explorado por Shimizu. O diretor funde pesadelos e alucinações ao cotidiano, e surgem na vida real objetos de delírios de Nagisa, como a câmera de 8 mm que o professor usa para registrar, em detalhes, seus crimes.

Na inventiva seqüência final, Shimizu intercala imagens desse filme de 8 mm, cenas reais e um longo delírio de Nagisa, que enfim descobre a causa de seu drama, num clímax surpreendente.

Para quem está acostumado ao terror made in Hollywood, sangüinolento e permeado por clichês, Almas Reencarnadas traz um certo sopro de novidade ao gênero, apesar de alguns traços do horror japonês já estarem se repetindo como convenção, o que pode comprometer o impacto de futuras produções. GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]