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Maureen Miranda (esquerda) e Raquel Rizzo vivem vedetes em Orinoco | Olívia D’ Agnoluzzo/Divulgação
Maureen Miranda (esquerda) e Raquel Rizzo vivem vedetes em Orinoco| Foto: Olívia D’ Agnoluzzo/Divulgação

Artistas falando das agruras da vida de artista é um tema recorrente, que o grupo curitibano A Armadilha conseguiu abordar com humor.

Maureen Miranda e Raquel Rizzo formam em Orinoco uma dupla de vedetes imersas em uma crise na carreira. A bordo de um barco em movimento, elas são transportadas para trabalhar em um campo petroleiro – ideia de Mina, a mais velha (Raquel). Ela sabe muito bem onde está se metendo, e sofre pela perspectiva de cruzar a linha tênue que se põe entre sua profissão e a prostituição.

A colega mais nova não desanima nunca. Para expressar seu otimismo, ensaia suas canções, ponto alto da peça. A sintonia com o trio de músicos, que fica à margem do palco durante todo o espetáculo funciona. Tudo é cantado em espanhol, recurso caro à companhia.

A cenografia – sempre uma curiosidade em peças montadas para o Teatro Novelas Curitibanas, que permite mil e uma adaptações do palco – está inserida em um recorte de barco de madeira, com uma longa escada que o diretor Diego Fortes usa bem.

O figurino é interessante e se transforma ao longo da peça. O que não muda é a atuação de Maureen. Sua personagem mantém-se esperançosa, ainda que com acessos de raiva aqui e ali, mas, mesmo em momentos em que o texto pede a atenuação da voz, a atriz a mantém demasiadamente enfática. É o caso do momento em que relembra uma história que o irmão caçula contava.

Em meio ao texto, pitadas de sarcasmo fazem bem à montagem, como quando Fifi explica seu processo de construção de personagens: ela usa suas "vivências", fecha os olhos e vai.

O texto do mexicano Emilio Carballido, escrito em 1983 com doses de ideologia anti-imperialista, poderia fazer com que a peça soasse anacrônica, mas a boa montagem dilui o tom político em meio ao humor.

Serviço

Orinoco. Teatro Novelas Curitibanas (R. Carlos Cavalcanti, 1.222, São Francisco). (41) 3321-3358. 5ª a dom., às 20h. Entrada franca. Até 28 de agosto.

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