• Carregando...

Quase um gênero cinematográfico, o "filme de boxe" normalmente usa o esporte como pano de fundo para contar histórias sobre persistência, realização pessoal e redenção. Nesse sentido, A Luta pela Esperança (Cinderella Man), indicado a três Oscars e recém-lançado em DVD, não difere muito de O Campeão, Rocky, Menina de Ouro e outros títulos com tendências ao melodrama. A diferença, aqui, é que o personagem principal não está necessariamente interessado nas glórias obtidas nos ringues. Ele luta, literalmente, para alimentar sua família.

Cinebiografia do pugilista James J. Braddock (1905 – 1974), o filme leva a assinatura da mesma turma que venceu quatro Oscars por Uma Mente Brilhante – o diretor Ron Howard, o ator Russell Crowe, o produtor Brian Grazer e o roteirista Akiva Goldsman. Crowe, é claro, vive Braddock, um lutador em ascensão que vê seus planos de carreira irem por água abaixo após o crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. Falido, ele tem de se mudar com a mulher, Mae (Renée Zellweger, de Chicago), e os três filhos para um porão insalubre no subúrbio.

A decadência, no entanto, não pára por aí. Após ser expulso da liga de boxe local por insuficiência técnica, Braddock é obrigado a cortar um dobrado para garantir o sustento da prole. Trabalha como estivador, recebe migalhas do serviço social e chega a mendigar uns trocados junto aos ex-colegas. Conhecido por seu sentimentalismo, Ron Howard bem que tenta segurar o freio ao mostrar a penúria daquela família. Mas sua visão da Grande Depressão é tão realista que fica difícil não se comover com determinadas passagens.

A virada acontece quando o antigo treinador de Braddock, Joe Gould (o ótimo Paul Giamatti, de Sideways – Entre Umas e Outras, indicado ao Oscar de coadjuvante), convida-o para substituir um boxeador que iria lutar com o campeão Max Baer (Craig Bierko). Na posição de "escada", o personagem vence um combate preliminar e passa a viver um conto de fadas esportivo antes da grande luta, o que lhe rende o apelido de Cinderella Man (título original que, diga-se, realmente não pegaria bem no Brasil).

Além da gana para tirar a família da miséria, Braddock possui uma vantagem sobre seu oponente: não tem absolutamente nada a perder. O que são uns socos na fuça se comparados a horas de sacrifício nas docas? Ou à humilhante fila da ajuda governamental? Aí está a magia do boxe: é uma das poucas atividades em que o indíviduo depende apenas de si mesmo para triunfar. Com uma motivação dessas, então... GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]