• Carregando...
Slideshow | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Slideshow| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Prêmios

• O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias foi selecionado para a mostra competitiva do Festivcal de Berlim de 2007. Venceu prêmios importantes como o de melhor filme (júri popular) do Festival do Rio 2006. Também recebeu o prêmio Petrobrás de Difusão de melhor longa brasileiro de ficção.

• Vida de Menina venceu o prêmio de melhor filme (júri popular) do Festival de Gramado de 2004 e melhor filme (júri popular) do Festival de Rio do mesmo ano.

Crianças e cinema combinam. Desde O Garoto (1921), tocante clássico mudo de Charles Chaplin, o universo infantil e suas relações com o mundo adulto sempre fascinaram tanto cineastas quanto o público. Na produção nacional mais recente, dois longas-metragens que acabam de chegar às locadoras exploram esse tema com extrema sensibilidade e inteligência: O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Vida de Menina.

Representante do Brasil na mostra competitiva do último Festival de Berlim, O Ano... conta uma história comovente. Em plena ditadura militar, e às vésperas da Copa do Mundo de 1970, um jovem casal de militantes de esquerda tem de tomar uma atitude radical: perseguidos pela repressão, eles largam o único filho, Mauro (Michel Joelsas), em frente ao prédio do avô (Paulo Autran), um barbeiro judeu do multiétnico bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

O que eles desconhecem é que o velho morreu há poucos dias e o garoto terá de contar com a soliedariedade de estranhos e vizinhos para sobreviver ao abandono enquanto os pais não retornam de suas "férias" forçadas.

Embora a premissa de O Ano seja um tanto inverossímil – o filme jamais explica por que não é feito qualquer contato com o avô antes de Mauro ser "desovado" como um embrulho –, o filme tem inegáveis méritos.

A direção de arte precisa confere ao longa a atmosfera de autenticidade exigida por uma produção de época. Dos objetos de cena às cenas documentais da Copa de 70, tudo convence e nada parece falso. O roteiro, apesar do detalhe já citado, é bem construído, capaz de alternar momentos emotivos, tensos e cômicos em doses equilibradas. E, embora conte uma história tocante, jamais resvala na pieguice ou no sentimentalismo excessivo. Outro ponto alto é o elenco, sobretudo o infantil. Michel Joelsas, como Mauro, e a menina Daniela Piepszyk, a espevitada Hanna, têm ótimos momentos na trama.

Helena MorleyAssim como O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias, Vida de Menina também tem um pano de fundo histórico. Toma como base as memórias de infância e pré-adolescência de Helena Morley, filha de um minerador inglês (Dalton Vigh) com uma brasileira (Daniela Escobar) que nasceu na segunda metade do século 19 em Diamantina, Minas Gerais. Com o título de Minha Vida de Menina, os diários foram traduzidos para o inglês pela escritora norte-americana Elizabeth Bishop e correram o mundo.

O enredo do belo filme de Helena Solberg (do documentário Banana Is My Business, sobre Carmen Miranda) tem como cenário um Brasil em transição entre a monarquia e a república, um país no qual a escravidão acaba de ser abolida e a atividade da mineração está em franca decadência.

Helena (Ludmila Dayer, em ótima atuação) vive entre dois mundos. De um lado, a tradição católica e conservadora do lado luso-brasileiro da família. Do outro, os valores protestantes representados pela facção paterna, sobretudo pela tia Maggie, que lembra a sobrinha o tempo todo que suas raízes estão fincadas em um mundo distante e muito mais civilizado e liberal, a Inglaterra.

Delicado e muito bem narrado, Vida de Menina explora a subjetividade de Helena, dando-lhe a complexidade que uma personagem tão rica tem para oferecer. De quebra, tem uma produção primorosa, com excelente fotografia de Pedro Farkas e ótimo elenco coadjuvante.

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias – GGG1/2

Vida de Menina – GGG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]