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  • Ana Carbatti, Leona Cavalli, Zezeh Barbosa e Andressa Neri em cena de Os Inquilinos
  • Saiba mais sobre os cinco longas de Sérgio Bianchi lançados no box

As mazelas da nação brasileira nunca foram abordadas com tanta acidez nas telas de cinema como pelo diretor paranaense Sergio Bianchi – que no dia 26 deve vir a Curitiba para o lançamento no cinema de seu último longa-metragem, Os Inquilinos (2009).

Natural de Ponta Grossa, mas há tempos radicado em São Paulo, Bianchi ganhou fama por sua disposição permanente de polemizar em torno de questões nacionais como a solidariedade de fachada de algumas organizações não-governamentais e a situação dos negros, que pouco mudou desde a abolição dos escravos.

Se a mitologia em torno do nome do diretor é exagerada ou não, será algo que o público poderá conferir agora que seus filmes, tão falados, mas bem pouco vistos devido a problemas de distribuição, foram finalmente lançados em DVD e reunidos em uma caixa de luxo lançada pela Versátil Home Video.

"Falam que sou tosco? Agora poderão ver os meus filmes e dizer se sou mesmo’’, diz Bianchi, sem disfarçar o ressentimento pela pecha de troglodita que o perseguiu. "Todos foram muito mal distribuídos. Pode ser que, assistindo aos filmes, algumas pessoas revejam a fama desagradável que adquiri e que está me incomodando", diz.

Com exceção de Os Inquilinos – Os Incomodados Que Se Mudem (2009), seu filme mais recente e que ainda faz circuito de exibição nos cinemas, os DVDs da caixa trazem todos os longas-metragens do diretor – Maldita Coincidência (1979) e Romance (1988), que não chegaram a ser lançados nem em VHS, A Causa Secreta (1994), Cronicamente Inviável (2000) e Quanto Vale ou É por Quilo? (2005) – além do premiado média-metragem Mato Eles? (1982), marco do documentário brasileiro, e dos curtas-metragens Omnibus (1972), A Segunda Besta (1977) e Divina Previdência (1983).

Os Inquilinos é o filme mais sereno deste "grande provocador". Mesmo assim, ele não se furta de cutucar o imobilismo da sociedade brasileira ao narrar, desta vez de forma linear, a história de Valter (Marat Descartes), um pai de família que vê a tranquilidade de sua família ser interrompida com a mudança para a casa ao lado de três jovens barulhentos e agressivos.

Alguns críticos apontam uma curva descendente na ousadia estética e na ironia de seus filmes, que têm como preâmbulo seu filme de estreia, Maldita Coincidência, um apanhado de esquetes com personagens que representam as mais diversas facetas da sociedade brasileira, e ápice em Quanto Vale ou É por Quilo (2000), um paralelo entre duas épocas distintas, mas que se assemelham pela manutenção da perversa dinâmica sócio-econômica brasileira, embalada pela corrupção, a violência e as diferenças sociais (leia mais ao lado).

A caixa também traz os curtas A Segunda Besta (1977) e Omnibus (1972), baseados em contos de Bestiário, do escritor argentino Julio Cortázar, e Divina Previdência (1983), uma corrosiva crítica à burocracia, que retrata as atribulações de um mendigo ferido às voltas com funcionários públicos, documentos e prontuários da Previdência Social. O lançamento traz ainda o premiado média-metragem Mato Eles? (1982), de 34 minutos, sobre o extermínio dos últimos índios da reserva de Mangueirinha, no sudeste do Paraná, com a conivência de quem deveria protegê-los.

A caixa traz ainda farto material extra, que inclui depoimentos do diretor, da equipe, do elenco e de intelectuais e críticos de cinema.

Serviço

Filmes de Sergio Bianchi. Versátil, R$ 160 a caixa e R$ 44,90 cada DVD.

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