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Sandra Bullock, em O Lado Cego: auge da carreira aos 46 anos |
Sandra Bullock, em O Lado Cego: auge da carreira aos 46 anos| Foto:
  • Em Simplesmente Complicado, Meryl Streep é Jane, uma mulher de quase 60 anos que se redescobre interessada em relacionamentos amorosos

Bette Davis tinha 42 anos quando estrelou A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, um dos maiores sucessos de sua carreira. Havia chegado ao auge de sua carreira e exuberância como mulher. Em 1962, quando fez O Que Teria Acon­­­tecido a Baby Jane?, outro êxito de bilheteria, estava com 54 e condenada a papéis de velhas, bruxas, vilãs. Nunca mais a heroína, a mocinha.

Quase meio século mais tarde, atrizes de todo o mundo, mas sobretudo as norte-americanas, inseridas no esquema de Holly­­wood, ainda reclamam da escassez de papéis para mulheres ma­­duras, com mais de 40, 50 anos. Meryl Streep, todavia, vem contrariando essa regra e estabelecendo novos paradigmas.

Recordista em indicações ao Oscar (15) e considerada a maior atriz americana das três últimas décadas, Meryl vive hoje o me­­lhor momento de sua carreira. Tanto que, aos 60 anos, comemorados em 2009, ela é a terceira estrela mais bem paga em Hollywood. Perde apenas para Angelina Jolie, 39, e Jennifer Aniston, que completa 40 anos em fevereiro próximo.

Embora sempre tenha desfrutado de enorme prestígio, Meryl não era vista como chamariz de bilheteria. Isso mudou a partir de O Diabo Veste Prada (2006), cujo êxito comercial em todo o mundo foi repetido pelo musical Mamma Mia! (2008) e pela comédia dramática Julie & Julia (2009), no qual vive o papel da especialista em culinária e apresentadora de tevê Julia Child, ícone da cultura po­­pular dos EUA. Por seu desempenho, Meryl venceu o Globo de Ouro (comédia ou musical) e deve emplacar a 16.ª indicação ao Oscar, quebrando o próprio re­­corde. De quebra, está em cartaz nos Estados Unidos em mais um sucesso, a comédia romântica Sim­­plesmente Complicado, que estreia por aqui em fevereiro.

No filme de Nancy Mayers (de Alguém Tem Que Ceder), a atriz vive um personagem que vem dando o que falar. Ela é Jane, uma mu­­lher divorciada, beirando os 60, dona de uma boulangerie e mãe de três filhos adultos. Quando já não espera maiores reviravoltas na vida, ela se vê tendo um caso com o ex-marido, o sedutor Jake (Alec Baldwin), agora casado com uma mulher bem mais jovem.

Não é comum um filme discutir a vida sexual de uma mulher da idade de Jane (ou de Meryl). A personagem mesma fala do pudor de se despir diante do homem com quem viveu durante 20 anos, mas que não a vê nua há dez. Ela cogita uma cirurgia plástica para corrigir a pálpebra que lhe cai sobre um dos olhos e a impede de ver televisão. Mas ela é o centro da narrativa, a protagonista. Uma mulher à beira da terceira idade que se apaixona e faz sexo diante das câmeras. Algo raro no cinemão.

Outro exemplo interessante de mudança no cinema mainstream é o sucesso de Sandra Bullock, que completa 46 anos em 2010. Nunca seus filmes fizeram tanto dinheiro. O mais re­­cente, O Lado Cego, já lhe deu o Globo de Ouro de melhor atriz (drama) e deve render-lhe sua primeira indicação ao Oscar. Também é o primeiro filme protagonizado por uma mulher a render mais de US$ 200 milhões nas bilheterias americanas. Algo está, de fato, mudando.

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