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Gravity combina aventura de ação espacial, drama existencial e o carisma de George Clooney | Divulgação
Gravity combina aventura de ação espacial, drama existencial e o carisma de George Clooney| Foto: Divulgação

Filme de abertura da 70.ª Mostra Internazionale d’Arte Cinematografica de Veneza, encerrada ontem, a ficção científica Gravity é o grande espetáculo que qualquer festival internacional gostaria de desfilar no tapete vermelho inaugural.

O engenhoso show visual em 3D, com elenco de forte apelo popular e alguma pretensão de cinema autoral, cumpriu à risca as expectativas do festival italiano, que programou a produção fora de concurso. George Clooney e Sandra Bullock, intérpretes dos dois únicos protagonistas levitando em cena, e mais o diretor Alfonso Cuarón, fizeram pessoalmente as honras de anfitriões.

Gravity combina aventura de ação espacial com drama existencial e leva apenas uma estratégica hora e meia para contar uma história que entrega ao público uma eletrizante dose de suspense. Nenhuma dúvida quanto à boa acolhida nas bilheterias quando estrear no mercado internacional em outubro – o lançamento brasileiro está previsto para dia 10.

O trabalho do diretor Alfonso Cuarón (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban), mexicano radicado nos Estados Unidos, é tecnicamente – tecnologicamente, com o rigor devido – uma festa para os olhos. O filme revela rara utilização adequada do 3D, recurso em reiterado processo de manipulação indevida e consequente vacuidade. Embora não tenha mencionado na coletiva para a imprensa após a projeção do filme, Cuarón com certeza bebeu da fonte límpida do definitivo 2001: Uma Odisseia no Espaço, clássico do gênero que Stanley Kubrick criou há 45 anos, com efeitos especiais quase toscos quando comparados à mais recente safra de imagens geradas por computador.

Gravity (é óbvio o sentido duplo do título, que se refere à falta dela, gravidade, e à seriedade e quase fatalidade da situação-limite contida no argumento) se aproxima da imortal obra kubrickiana em suas ambições como extrato existencial da protagonista solitária vivida por Sandra Bullock. Ela é uma engenheira-astronauta de repente obrigada a se multiplicar em muitas para garantir a própria sobrevivência, depois que detritos de lixo espacial destróem a estação orbital onde ela trabalha. Até mais ou menos a metade do filme, as coisas caminham impecáveis, uma espécie de estudo sobre solidão e claustrofobia no cosmos. A partir daí, Gravity entra em acelerada velocidade espacial, e o ar fica rarefeito não apenas para a personagem entregue à própria sorte e às suas habilidades, mas também para o público, que precisa apertar o cinto porque o copiloto (Clooney) sumiu. As boas intenções de Cuarón são então, em parte, atenuadas, em nome do grande espetáculo. Mas nada que, de resto, comprometa irremediavelmente o todo.

A seguir, os principais trechos da conversa da Gazeta do Povo com George Clooney:

Como foi participar de "Gravity", a ficção cientifica que acaba de inaugurar a mostra de Veneza ?

No filme, Sandra (Bullock) e eu somos astronautas presos no espaço depois de um acidente com a estação orbital. Um naufrágio suspenso no cosmo, ao redor da Terra ao invés do mar. É uma experiência singular, um drama humano que se consuma num espaço menor do que uma cozinha.

Neste filme está somente o George Clooney ator, mas parece que ele também se diverte dirigindo...

Acho interessante e emocionante também ser às vezes o pintor, e não apenas o personagem do quadro concluído. Não sei se me explico bem. Com a direção realizo o meu sonho de ser o comandante de um navio, um "mestre dos mares" à maneira de Russell Crowe. E também penso que como ator tenho uma data de validade, como qualquer produto de supermercado. Como consequência, é reconfortante saber que há alguma coisa para descansar o traseiro quando for a hora de cair. Como a cadeira de diretor.

Não é cansativo, viver sempre a pleno vapor ?

O motor começa a dar alguns sinais de falha. Gostaria muito de ter novos joelhos e um fígado zero quilômetro. Não vivo mais a dois mil por hora, como há algum tempo. Por exemplo, agora me ressinto bastante na manhã seguinte, depois de uma noitada com amigos. Tenho que pensar três vezes, antes de levantar o cotovelo. Depois de "Syriana"

(O filme que deu a ele o Oscar de melhor ator em 2005), passei por várias cirurgias no pescoço e na coluna vertebral. Por isso venho diminuindo o ritmo. Aí de fora vocês não notam, mas eu é que sei quanto dói...

E como é o seu novo filme, "The Monuments Men", diante e atrás das câmeras simultaneamente como ator e diretor ?

É um drama ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, inspirado em uma história verídica contada no livrode Robert M. Edsel. Comigo no elenco estão Matt Damon, Cate Blanchett, Bill Murray, John Goodman e Jean Dujardin. É uma "corrida contra o tempo", que tem como protagonistas um grupo de historiadores da arte e curadores de museus à procura de obras artísticas contrabandeadas pelos nazistas. Poucos sabem que, por decisão do presidente Roosevelt e do general Eisenhower, o exercito dos EUA formou um grupo de soldados que tinham o preciso objetivo de proteger monumentos e obras de arte durante o conflito. O que aqueles militares descobriram foi muito pior do se imaginava, e o filme, em fase de pós-produção, narra essa missão rocambolesca.

Na sua idade, como é administrar a relação com a mídia e os paparazzi ?

A minha teoria de despiste é muito simples. Os paparazzi querem que eu esteja cada noite com uma atriz diferente, obviamente muito famosa e linda. Tipo Halle Berry uma noite, Salma Hayek na outra, Sofia Vergara e Jennifer Aniston em seguida. Ou então, talvez, gostariam de me fotografar na praia de mãos dadas com Leo DiCaprio ou Brad Pitt. E se isto acontecesse de fato, é certíssimo que as pessoas comprariam as revistas e devorariam as fotos, mas ao final também se perguntariam: "Mas será que ele não está nos gozando?" Assim, tudo somado, não é tão diferente daquilo que faço há muito tempo: não comentando e não negando aquilo que falam de mim, me divirto deixando todos com as dúvidas que quiserem.

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