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Sweet Sweetback´s Baadasssss Song: filme  é o mais insólito da caixa | Divulgação
Sweet Sweetback´s Baadasssss Song: filme é o mais insólito da caixa| Foto: Divulgação

Para mostrar que o cinema negro norte-americano não começou com Spike Lee, chega ao mercado de DVDs a caixa Blaxploitation (Magnus Opus, R$ 117,50, em média), com os filmes Rififi no Harlem (1970), Sweet Sweetback’s Baadasssss Song (1971) e O Chefão do Gueto (1973).

O termo blaxploitation, contração das palavras black (negro) e exploitation (exploração), designa um filão de filmes destinados às emergentes platéias negras urbanas, no início dos anos 1970. O maior sucesso da onda talvez tenha sido Shaft (1971, com remake em 2000).

Temática, elenco, estilo, música, tudo era black nesse cinema, do qual os três DVDs são uma boa e variada amostra. Rififi no Harlem é um policial satírico baseado no livro Cotton Comes to Harlem, de Chester Himes. Coloca em ação os detetives negros Gravedigger Jones (Godfrey Cambridge) e Coffin Ed Johnson (Raymond St. Jaques).

Com métodos pouco ortodoxos, a dupla se empenha em colocar atrás das grades um pastor que tapeia a comunidade negra do Harlem prometendo um retorno a uma África mítica de paz e liberdade.

No quiproquó que se segue, em que se misturam Panteras Negras e mafiosos italianos, além de policiais de todas as etnias, vêm à tona, sob o signo do humor, os grandes temas abordados posteriormente por Spike Lee: a opressão racial, os conflitos no interior da própria comunidade negra, a engabelação religiosa, a criminalidade como falsa saída. Não por acaso, o diretor Ossie Davis seria escalado por Lee como ator em filmes como Faça a Coisa Certa e Febre na Selva.

Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, dirigido, montado e estrelado por Melvin Van Peebles, é o filme mais insólito da caixa. Conta, em estilo mezzo-psicodélico, mezzo-militante, a história de um garanhão de espetáculos pornô, o "Sweetback’’ ("bem-dotado’’) do título, que se torna um fugitivo da lei depois de enfrentar policiais que espancam um jovem ativista negro. Muita câmera na mão, cores estouradas, desfocamento voluntário da imagem, montagem descontínua, todos os cacoetes do cinema underground da época marcam presença.

Por fim, O Chefão do Gueto, único filme do lote feito por um branco (Larry Cohen, diretor de pérolas do terror B, como Nasce um Monstro e A Coisa), é o mais eficiente – e convencional – do ponto de vista narrativo, reproduzindo em versão black o esquema de inúmeras sagas de ascensão e queda de um gângster.

Além do ótimo elenco, com Fred Williamson e a bela Gloria Hendry (a primeira bondgirl negra, de Viva e Deixe Morrer), um dos trunfos aqui é a trilha sonora de James Brown. Os manos e as minas não podem perder.

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