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Luiz Bertazzo, Rafaella Marques (acima) e Carolina Fauquemont colocaram seu talento a serviço do horror em Nevermore | Fotos: Marco Novack/Divulgação
Luiz Bertazzo, Rafaella Marques (acima) e Carolina Fauquemont colocaram seu talento a serviço do horror em Nevermore| Foto: Fotos: Marco Novack/Divulgação

Guinada

Biscaia em versão cinema

O diretor de teatro Paulo Biscaia tem mais surpresas cinematográficas na manga. No mês que vem, ele capta as imagens para seu terceiro filme, Nervo Craniano Zero. O texto, próprio, já foi levado aos palcos em 2009, mas a proposta é fazer uma versão audiovisual esteticamente bem diferente da cênica.

"Quero me colocar em um risco um pouco maior, não ficar tão seguro. Morgue Story foi meu primeiro longa, mas agora não quero ser tão bobão", brinca Biscaia.

A produção também promete inovar ao levar jornalistas para acompanhar um dia de gravações. (HC)

Depois das premiações recebidas pela versão em filme de Morgue Story – Sangue Baiacu e Quadrinhos (2009), a companhia teatral e produtora Vigor Mortis lança nesta quinta-feira, na Cinemateca de Curitiba, Nevermore – Três Pesadelos e um Delírio de Edgar Allan Poe.

É o retorno do diretor Paulo Biscaia Filho ao universo do escritor norte-americano. Considerado mestre do horror, Poe serviu como catapulta da carreira do curitibano, que adaptou seus contos para os palcos na década de 90, antes de fundar a Vigor Mortis, em 1997, hoje especializada no gênero de suspense grotesco do grand guignol.

Nevermore, (nunca mais, em inglês), título que alude ao diálogo que o personagem de "O Corvo" tem com a ave que o atormenta, é uma colagem de quatro curtas, cada um com duração entre dez e 16 minutos.

No elenco estão nomes já conhecidos do público curitibano: Rafaella Marques e Andrew Knoll, que atuam em "Berenice"; Michelle Pucci ("Morella"); Luiz Bertazzo e Carolina Fauquemont ("O Corvo") e Wagner Correa e Sheylly Caleffi ("Ligeia").

Em comum, os contos têm a presença de um fantasma de mulher e, na versão cinematográfica, muitos gritos, sustos e sangue, com boa qualidade técnica, a julgar pelo trailer divulgado pelo grupo.

Biscaia, que é professor dos Cursos de Teatro e Cinema da Faculdade de Artes do Paraná, contou por telefone à Gazeta do Povo que a experiência com o novo filme o anima a guinar a carreira para o audiovisual, sem deixar de lado a paixão pelo teatro, gênero que o acompanha há 20 anos.

O que você já havia adaptado da obra de Edgar Allan Poe?

A primeira coisa que fiz após a faculdade foram adaptações de vários contos dele. Faz 20 anos que montei o primeiro, Cantos Fúnebres da Esperança. Levei aos palcos todos estes que estão no filme, com exceção de "Morella", que acrescentei agora porque faz um conjunto bom com os outros, já que todos têm a figura do fantasma da mulher.

Você sempre quis voltar ao Poe?

Tive vontade agora, mas em audiovisual, sem querer fazer referência a meus trabalhos anteriores. Os curtas não têm absolutamente nada a ver com as peças. "Berenice" era um monólogo na boca da personagem de mesmo nome, e agora Egeu é um protagonista de mesmo tamanho que ela. "Ligea" traía a figura do título e ficava na poesia do texto, e agora traz a personagem com foco mais corporal. Este é o curta que mais tem relação com o grand guignol, e "Berenice" é o mais sangrento. Já "Morella" é o mais grotesco, e "O Corvo" serviu de teste: mostrei a algumas pessoas e elas ficaram com medo. A principal intenção foi experimentar linguagens novas.

A obra de Poe induziu seu gosto pelo horror?

Foi ele quem sistematizou o horror na literatura, e me puxou para o grand guignol. Curiosamente, a primeira montagem que pode ser considerada de horror neste estilo teatral foi uma adaptação de O Sistema do Dr Betume e do Professor Pluma, de Poe, que montei ano passado dentro da Vigor Mortis Peep Show.

Como foi o processo de realização de Nevermore?

Rodamos em oito dias, entre agosto e setembro do ano passado. A princípio o filme iria direto para a venda em DVD, mas a distribuidora decidiu exibi-lo no circuito comercial, a partir de blu-ray, com ótima definição, o que dá um glamour muito especial ao trabalho.

Você considera o resultado de Nevermore satisfatório?

Nunca é, sou um eterno insatisfeito...

Você foi premiado pelo seu primeiro filme, Morgue Story – Sangue Baiacu e Quadrinhos (2009), lança agora Nevermore e se prepara para captar Nervo Craniano Zero. Pretende se dedicar mais ao cinema do que ao teatro?

Estou pendendo para o cinema, porque com o teatro estou entediado, não consigo encontrar coisas novas em que eu acredite e que sejam frescas.

Serviço

Nevermore. Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1.174 – São Francisco), (41) 3321-3252 e 3321-3270. Dia 9, às 20 horas, em sessão comentada pelo diretor. De 10 a 16 de junho, às 15h45, 18 e 20 horas. Entrada franca. Assista ao trailer do filme em http://vimeo.com/21887286.

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