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"Encoste sua nuca neste telefone e aprecie o enquadramento formado pela cúpula do orelhão", sugere a polaroide impressa em sulfite amarelo. O texto substitui a imagem, mas o pedaço de papel ainda funciona como uma fotografia. É um registro instantâneo, que fixa um momento da paisagem urbana e propõe um olhar mais atento sobre a cidade. O enquadramento, contudo, não está delimitado. Fica aberto ao espectador.

Criadas como uma forma de intervenção urbana pelo artista visual Tom Lisboa, em 2005, as polaroides foram colocadas em praças centrais de Curitiba, para serem descobertas pelos passantes.

Depois de experimentar a mesma idéia em Porto Alegre, Vitória e Buenos Aires, o artista expandiu o projeto na capital paranaense: espalhou mais cem polaroides pelo e centro e bairros próximos durante o mês de setembro.

Todo esse trabalho será reunido na Galeria da Caixa a partir de hoje, às 19h30, na exposição Polaroides (In)Visíveis – Mapeando um Novo Olhar para Curitiba. A apresentação no espaço fechado permite a concentração de todas as obras, que de outra maneira não seriam vistas em conjunto. Afinal, grudadas com fita-crepe em telefones públicos e pontos de ônibus, as polaroides não permanecem muito tempo no mesmo lugar – pelo que um taxista contou a Tom Lisboa, elas viraram até souvenir nas mãos de turistas paulistas.

Embora as polaroides não estejam acompanhadas das imagens dos locais que as inspiraram, elas não devem ficar completamente desvinculadas do espaço urbano. Para isso, os catálogos criados (e distribuídos na galeria) servem como um guia de visitação. A idéia é que o espectador complete o percurso, indo até os locais indicados. "As polaroides serão feitas a partir da ação do espectador. A gente é muito bombardeado passivamente pelas imagens. O espectador tem que ter uma ação mais ativa", diz Lisboa.

Cidade ampliada

A concepção das polaroides deriva de um trabalho de investigação e observação. Tom Lisboa sai à rua, escolhe espaços de circulação onde haja grande trânsito de pessoas e pontos de parada. O artista procura o que há de mais interessante para apontar e imagens que possam ser relacionadas. Leva três horas para compor dez polaroides. "É um trabalho demorado", conta Tom Lisboa.

Nas intervenções que já fez em Curitiba – Ficções Urbanas (2004), Projeto Cinematógrafo (2006), Cowtadinhas (2006) e Blow Up (2007) –, o artista sempre explorou aspectos construtivos da imagem e fez referências à cidade. Polaroides... mantém a mesma linha de pesquisa e a relação com o espaço urbano. "Cada vez que faço a polaroide de um espaço urbano, a minha percepção é que esse espaço está sendo ampliado. Parece que adquire uma nova dimensão que eu criei para ele", comenta o artista.

* * * * * Serviço: Polaroides (In)Visíveis – Mapeando um Novo Olhar para Curitiba, de Tom Lisboa. Abertura hoje, às 19h30. Caixa Cultural (Rua Conselheiro Laurindo, 280), (41)2118-5114. Terça a quinta-feira, das 10 às 19 horas, sexta a domingo, das 10 às 21 horas. Até 11 de novembro.

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