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Uma imensa carga de objetos, entre paredes falsas e figurinos, chegou anteontem a Curitiba. Ela será usada na grande parafernália exigida para a montagem da peça História de la Oca, que a companhia de teatro canadense Les Deux Mondes apresentará hoje, às 21 horas, no Guairinha. O inusitado, como o título já indica, é o idioma do espetáculo. O grupo de canadenses se apresenta em espanhol porque o evento inaugura a quarta edição da Mostra em Língua Espanhola, promovida pelo Centro Cultural Teatro Guaíra. Mais inesperado do que isso, apenas o valor do ingresso, R$6 (metade para estudantes). Alunos de artes cênicas e de institutos de língua espanhola terão entrada franca na apresentação inaugural.

Les Deux Mondes é uma das companhias mais respeitadas do país norte-americano. Veio ao Brasil há quatro anos, mas nunca se apresentou em Curitiba. O espetáculo trata de um tema duro, a violência doméstica contra as crianças. O personagem central, Maurice, tenta relatar para a platéia as conseqüências dos horrores impostos por seus pais. Porém, impedido de expressar seu drama, o menino cria uma figura animal para ser sua interlocutora. Munido de asas e bico para representar um ganso, uma ave que não pode voar, Maurice representa a situação em que vive. "É um espetáculo montado em diversos idiomas, com passagens por vários lugares do mundo", conta a coordenadora da Mostra em Língua Espanhola, Viviane Eloy.

A peça, assim como outras três que integram o ciclo, foi selecionada a partir de projetos internacionais já previstos para se apresentar no Brasil em 2006. "São todos projetos estrangeiros subsidiados pelos seus governos de origem. Portanto, são espetáculos já selecionados, que os países enviam para representar as suas culturas, são espetáculos de qualidade", explica Eloy. A chancela internacional justifica, também, o baixo valor dos ingressos. A mostra, porém, irá receber menos companhias que o previsto, em função de um orçamento menor que o esperado, dentro do Programa de Integração do Mercosul, uma das metas do plano de gestão plurianual do governo do Estado.

Latinos

Do Peru, o grupo Yuyachkani traz a peça Antigona, um espetáculo centrado em pesquisa antropológica, a partir do original escrito por Sófocles, há mais de 2 mil anos. Em um monólogo, a atriz Teresa Ralli vive diversos personagens que narram o texto clássico, o ataque à cidade de Tebas, as mortes de Eteocles e Polinices, entre outros episódios. A abordagem é despojada, com cenário composto apenas por uma cadeira.

Da Argentina, Ubu Rei retoma outro clássico e o seu personagem Pére Ubu, considerado o primeiro anti-herói do teatro. Ele torna-se rei da Polônia e simboliza a estupidez e avareza da burguesia, conferindo universalidade ao tema. Da Espanha, o grupo La Machina Teatro aborda com humor negro o mundo dos mendigos na peça La Sucursal. Dois pedintes, munidos de sanfona e voz, cantam para estimular contribuições dos passantes quando um capataz decide ensinar-lhes psicologia para tornar mais eficiente o ofício de esmolar. Acompanhada do som melancólico do acordeon, o espetáculo revela, segundo os organizadores, um quadro cruel da mendicância, em que os indivíduos se assemelham a servos, em um regime de "escravidão mais moderna, eficiente e, até, industrial".

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