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Está na enciclopédia: o repolho é um dos vegetais com maior capacidade de conservação. Não à toa, foi muito usado para embrulhar e preservar outros alimentos antes do advento da refrigeração. Veterana da cena independente, a banda catarinense Repolho parece ter o mesmo poder da hortaliça que inspirou seu nome. Surgido há 15 anos na cidade de Chapecó, no oeste de Santa Catarina, o grupo faz história seguindo à risca o lema "Faça você mesmo". Um caso raro de resistência, que volta hoje a Curitiba após oito anos de ausência, para um show de "greatest hits" no bar Motorrad.

Hits de verdade, eles não têm. Mas os irmãos Roberto (voz) e Demétrio Panarotto (guitarra), fundadores e líderes da banda, nunca se importaram com isso. "Isolados" em um município distante até mesmo da capital de seu estado (cerca de 600 quilômetros separam Chapecó de Florianópolis), os dois só queriam fazer contato. E conseguiram.

Desde 1991, o Repolho marca presença em fanzines, sites e publicações especializadas. Mal lançaram o novo CD, Vol. 3, e receberam destaque em revistas e jornais de todo o país. Também colecionam fãs famosos, como Marcelo Camelo (Los Hermanos), Edu K (De Falla), Wander Wildner, Jupiter Maçã e o antropólogo Hermano Vianna. Todos já devidamente ambientados ao mundo estranho criado pelos Panarotto, onde Roberto Carlos, Mutantes, Tom Zé e o que mais der na telha se misturam com base no experimentalismo e na irreverência. Os títulos de suas canções entregam o jogo: "Feio de Apé e Sem Dinheiro" (sic), "Abixornado", "Barroca do Sapo Pintado" – esta última gravada para o projeto paralelo Irmãos Panarotto, cuja instrumentação inclui apenas dois violões desafinados e um balde de aço.

Demétrio, de 36 anos, tenta explicar a origem do som do Repolho. "Como toda cidade do interior, e boa parte das capitais brasileiras, Chapecó é muito provinciana. Se a gente ficasse sentado captando as informações que vêm dos filtros mais tradicionais, como a televisão, apenas reproduziríamos um padrão. Então partimos para o cinema, a literatura, os quadrinhos, a internet", diz o músico, que atualmente prepara um projeto de doutorado sobre Tom Zé, destacando a relação entre música e literatura na obra do artista baiano.

Em tempo: a abertura do show desta noite fica por conta da banda local Mordida, cujo cantor e guitarrista, Paulo Nadal, viveu em Chapecó e tocou nos primórdios do Repolho. O reencontro promete.

Serviço: Show com Repolho e Mordida. Motorrad (R. Trajano Reis, 418). Hoje, a partir das 23 horas. Ingressos a R$ 10. Para conhecer melhor as bandas, acesse www.tramavirtual.com.br/repolhoe www.tramavirtual.com.br/mordida.

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