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A partir de hoje, os visitantes do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, terão a oportunidade de conhecer algumas discussões e vertentes que nortearam o desenvolvimento da arte moderna no Brasil. Até 25 de fevereiro, a exposição Arte Moderna em Contexto reúne 73 obras, entre pinturas, esculturas e objetos pertencentes à Coleção ABN AMRO Real. Estão presentes trabalhos de Alfredo Volpi, Arcângelo Ianelli, Burle Marx, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Manabu Mabe, Milton Dacosta, Tomie Ohtake, entre outros.

"A coleção foi composta ao longo do tempo sem um projeto prévio. A curadora da instituição, Elly de Vries, nos convidou para estudar esse acervo, fazer um mapeamento, e realizar um exposição que lhe desse um sentido", explica Franz Manata, que assina a curadoria, ao lado de Fernando Cocchiarale e Luiz Antônio Ewbank. A equipe decidiu fazer uma mostra circunscrita à primeira metade do século passado.

"Estabelecemos um eixo vertical para a exposição, que é abrir um debate sobre o dilema entre a figuração e a abstração", descreve Manata.

A análise da visualidade dos trabalhos levou à criação de núcleos. Para a arte abstrata, foram adotados critérios formais, que separam uma vertente informal, mais lírica e gestual, da abstração geométrica. Para a arte figurativa, a subdivisão foi temática (realismo social, paisagem rural, festas, naturezas-mortas, marinhas e paisagens urbanas).

"No figurativismo, adotamos um critério oposto ao utilizado no abstracionismo: em lugar de relações formais, agrupamos as obras em função dos gêneros temáticos nos quais a pintura já era classificada antes do surgimento da arte abstrata", explica Manata.

Outro "recorte horizontal" está nos elementos que contextualizam a produção. Cada núcleo conta com publicações, pu-blicidade, objetos decorativos e utilitários, além de fotos que evocam o respectivo ambiente histórico-social e o imaginário coletivo da respectiva época. Pinturas figurativas de realismo social, por exemplo, são relacionadas às músicas, marmitas e broches de propaganda política apreendidos pela Delegacia Especial de Segurança Política e Social do Estado Novo.

O espaço com obras de Maria Bonomi, Iberê Camargo e Letycia Quadros, dedicado ao abstracionismo informal, conta com o mobiliário criado pelo marceneiro, designer, pintor e escultor Joaquim Tenreiro. Manata também chama atenção para o trabalho do arquiteto Ivan Pascarelli. "Quisemos fugir de espaços confinados, buscando um espaço coerente com o espírito modernista", diz.

O curador elogia a iniciativa de um colecionador privado em compartilhar o acervo publicamente. Há ausências consideráveis, no entanto. "Temos faltas, como Tarsila do Amaral e Ismael Nery, em função da concepção desse acervo. Mas, mesmo assim, trata-se de uma exposição muito didática, que mostra os principais artistas brasileiros da figuração e da abstração", conclui Manata.

Serviço: Arte em Contexto – Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

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